Banco Mundial apresentou relatório com caminhos para a região Nordeste

Cerimônia de entrega do documento ocorreu na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. Cofecon foi representado pela conselheira federal Ana Cláudia Arruda

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) recebeu nesta quinta-feira (11) a versão definitiva do relatório “Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão”, produzido pelo Banco Mundial. O evento de entrega reuniu representantes de diversas instituições e o Cofecon foi representado pela conselheira federal Ana Cláudia Arruda, coordenadora da Comissão de Desenvolvimento Regional e Local.

“O relatório faz um diagnóstico muito profundo e provocativo da região Nordeste. A ideia é que, a partir dele, as instituições repensem suas estratégias de desenvolvimento para que possamos realmente ter transformações estruturais nos próximos 20 ou 30 anos e encontremos efetivamente os motores do desenvolvimento regional”, comentou Ana Cláudia. “Destacamos a necessidade do chamado Plano Nacional de Desenvolvimento Integrado, porque o Nordeste, ao mesmo tempo que se apresenta como um problema, é também uma solução. Temos setores estratégicos, como o de energia, mas os indicadores ainda são insuficientes para criar um dinamismo interno”.

A conselheira federal participou do debate do documento representando a Comissão de Desenvolvimento Regional do Cofecon: “Apontei questões como o tratamento da pobreza e da pobreza extrema: 55% da população brasileira em extrema pobreza e 46% da população pobre está no Nordeste. O Banco Mundial também questiona a ascensão das pessoas: quem nasce pobre na região Nordeste dificilmente consegue ascender socialmente. No Brasil é difícil, e no Nordeste ainda mais”.

Outro ponto importante que o relatório traz diz respeito ao financiamento à infraestrutura. “Isso foi deixado de lado nos últimos dez anos, o que aprofundou ainda mais as questões sociais e a dinâmica econômica. O relatório também debate a produtividade, a questão das empresas pouco produtivas”, observa a economista. “É preciso um olhar mais atento, uma recuperação das instituições que fazem desenvolvimento regional, como os bancos de desenvolvimento, a Sudene, o Consórcio Nordeste, para que possamos mudar esta situação”.

Além do Cofecon, diversas instituições envolvidas na agenda do desenvolvimento regional estiveram presentes na apresentação do relatório – entre elas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil), as Fundações de Amparo à Pesquisa e Secretarias Estaduais da Fazenda de vários dos estados nordestinos, além da própria Sudene e do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

O estudo

O estudo mostra que o Nordeste tem um papel importante na prosperidade do Brasil. Com 54 milhões de habitantes (sendo 80% em idade ativa), a região oferece um dos maiores e mais dinâmicos contingentes de mão de obra no Brasil. A região também se destaca na transição energética, com 91% da energia eólica e 42% da energia solar no Brasil.

O relatório também aponta que, nos últimos anos, o crescimento da região foi impulsionado pela agricultura – o que limita o ritmo de convergência e as oportunidades de emprego para uma força de trabalho majoritariamente urbana. Além disso, as empresas do Nordeste, que já são menos produtivas do que a média nacional, estão encolhendo. O texto também cita a infraestrutura defasada e a dificuldade de converter os avanços em capital humano em resultados.

Para ajudar a região a alcançar seu pleno potencial, o relatório indica três principais linhas de ação:

  • Empregos: com desemprego e informalidade em níveis superiores ao restante do Brasil, o estudo recomenda aprimorar os sistemas de intermediação de mão de obra (para conectar pessoas às vagas) e focar em indústrias em crescimento para oferecer empregos de melhor qualidade. Também propõe a criação de políticas para apoiar mulheres e grupos marginalizados, tornando o mercado mais inclusivo.
  • Melhoria do ambiente de negócios: para estimular o empreendedorismo e atrair investimentos, o Banco Mundial recomenda simplificar procedimentos de abertura de empresas e rotinas administrativas, fomentar a concorrência e reduzir a dependência de subsídios fiscais e de crédito ineficientes (que tendem a diminuir a produtividade e concentrar mercados).
  • Infraestrutura: Investimentos em rodovias, ferrovias e redes digitais e melhorias em água e saneamento, com incentivos à participação do setor privado por meio de parcerias bem desenhadas.

O relatório do Banco Mundial pode ser acessado clicando AQUI.

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