XXVI CBE: Estabilidade macroeconômica e crescimento
No painel Política de Estabilização, Samuel Pessôa defende reformas estruturais e equilíbrio fiscal para superar a armadilha da renda média
A estabilização macroeconômica voltou ao centro do debate no XXVI Congresso Brasileiro de Economia durante o painel “Política de Estabilização”, conduzido pelo economista Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre-FGV. A discussão examinou os entraves que ainda impedem o crescimento sustentado do Brasil e as políticas necessárias para construir um ambiente econômico estável, previsível e propício ao investimento produtivo.
Pessôa destacou a necessidade de aprender com a experiência internacional.”Estamos devendo esse crescimento há décadas. É fundamental entender como garantir essa estabilização macroeconômica, que é crucial para o desenvolvimento da economia e para a previsibilidade necessária aos investimentos”, afirmou o moderador do painel, Oscar Frank Junior.
Entre os pontos abordados, destacou-se a urgência de rediscutir o arcabouço fiscal e reavaliar regimes tributários especiais, como o Simples Nacional, que, apesar de simplificarem processos, têm sido usados como ferramentas de elisão fiscal. “Esses regimes devem ser justos e não se tornarem instrumentos de desigualdade tributária”, afirmou Samuel.
O palestrante também citou a necessidade de manter o valor real dos salários e ajustar indexadores de saúde e educação. Além disso, comentou sobre a alocação entre capital e trabalho, apontando que essa desarmonia compromete o desenvolvimento econômico. Outro destaque foi a reflexão sobre a chamada “armadilha da renda média”, que impede o avanço econômico pleno. Para ele, enfrentar esses desafios exige coragem política e reformas estruturais que promovam equilíbrio fiscal e justiça social. “Somente assim poderemos construir um Brasil mais próspero e equitativo”, concluiu.
XXVI Congresso Brasileiro de Economia
O Congresso Brasileiro de Economia ocorreu de 06 a 10 de outubro no Plaza São Rafael Hotel, em Porto Alegre, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Reconstrução, Desafios e Oportunidades”. O evento reuniu cerca de 50 especialistas e 500 participantes (online e presencial) em torno de grandes temas que impactam o futuro do país, como reforma tributária, mudanças climáticas, comércio internacional, agronegócio, desigualdades regionais, inovação, economia comportamental, educação financeira e o papel do Estado na neoindustrialização. A promoção foi do Cofecon, em parceria com o Corecon/RS.
O evento contou com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vero/Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Monte Bravo Investimentos, Conselhos Regionais de Economia de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro.