XXVI CBE: Desafios do mercado financeiro brasileiro

Painel do XXVI Congresso Brasileiro de Economia discute impacto da inteligência artificial nas finanças e o avanço do endividamento das famílias no país

Em um cenário econômico marcado por incertezas globais, transformação tecnológica acelerada e aumento do endividamento das famílias, compreender as dinâmicas do mercado financeiro tornou-se essencial. O painel “Mercado Financeiro” contou com a presença dos economistas André Perfeito e Edval Landulfo e as apresentações abordaram desde o uso crescente da inteligência artificial nas análises financeiras até a preocupante escalada do endividamento das famílias brasileiras, revelando dois vetores decisivos para o futuro das finanças no país: a inovação tecnológica e a educação econômica.  

Perfeito abriu as apresentações falando do uso da IA no mercado financeiro, área onde atua, na consultoria econômica e até mesmo na gestão de finanças pessoais, e destacou a importância da criatividade dos economistas diante das transformações tecnológicas.  “O objetivo da minha apresentação foi trazer à tona alguns casos de uso da IA, não com o intuito de aprofundar explicações técnicas, mas para mostrar as possibilidades que essa ferramenta poderosa oferece”, diz.  

O economista relembrou sua própria trajetória acadêmica, mencionando os desafios enfrentados na época em que estudava econometria. Ele citou o uso de softwares que exigiam processos manuais e detalhados para a análise de dados. “Era necessário organizar tudo no Excel, criar tabelas e gráficos manualmente para obter os resultados desejados”, relatou. No entanto, 2023, segundo ele, marca um ponto de inflexão na adoção de IA. “É impressionante perceber como a tecnologia está transformando a forma de trabalhar dos economistas. O que antes era feito com muito esforço e horas de dedicação agora pode ser realizado em minutos com o auxílio da inteligência artificial”, afirmou.  

Edval, vice-presidente do Corecon-BA, fez um paralelo à fala de André, trazendo reflexões importantes sobre o impacto do consumismo na sociedade atual e os índices de endividamento das famílias no Brasil. Ele destacou que o desejo de consumir frequentemente ultrapassa as necessidades reais, levando as pessoas a gastarem mais do que podem.  

Dados apresentados durante a palestra revelam que 78% das famílias brasileiras estarão endividadas até 2025, um cenário preocupante, já que esse índice vem crescendo desde o ano 2000.  Neste contexto entra um agravante, segundo o palestrante, que é o crédito. ”Esse crédito, dado desnecessariamente a pessoas que não têm educação financeira, faz com que as contas fiquem ali desreguladas e isso vai criar uma inadimplência”, afirma. ”Como é que você tem uma renda de R$1.500, R$2.500 e um cartão de crédito com limite de R$5.000 sem ter a educação financeira para fazer ali o equilíbrio?”, questionou o especialista. Ele defendeu que o dinheiro deve ser utilizado para concretizar projetos que realmente façam sentido, com foco em construir primeiro uma base financeira sólida.  

XXVI Congresso Brasileiro de Economia 

O Congresso Brasileiro de Economia ocorreu de 06 a 10 de outubro no Plaza São Rafael Hotel, em Porto Alegre, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Reconstrução, Desafios e Oportunidades”. O evento reuniu cerca de 50 especialistas e 500 participantes (online e presencial) em torno de grandes temas que impactam o futuro do país, como reforma tributária, mudanças climáticas, comércio internacional, agronegócio, desigualdades regionais, inovação, economia comportamental, educação financeira e o papel do Estado na neoindustrialização. A promoção foi do Cofecon, em parceria com o Corecon/RS. 

O evento contou com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vero/Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Monte Bravo Investimentos, Conselhos Regionais de Economia de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro. 

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