XXVI CBE: Trajetória e desafios da economia gaúcha no contexto das mudanças climáticas
Economistas analisam os impactos das enchentes de 2024 e defendem reconstrução baseada em sustentabilidade e planejamento de longo prazo
As mudanças climáticas deixaram de ser uma previsão distante para se tornarem uma realidade concreta, com impactos severos sobre a vida das pessoas e a dinâmica econômica dos territórios. No Rio Grande do Sul, os eventos extremos que marcaram 2024 expuseram a vulnerabilidade da infraestrutura e da economia do estado, exigindo respostas urgentes do poder público, do setor produtivo e da academia. Foi nesse contexto que os professores Carlos Eduardo Schönerwald da Silva e Nelson Gruber, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), participaram de debate no XXVI Congresso Brasileiro de Economia, trazendo uma reflexão profunda sobre os desafios da reconstrução e o papel estratégico dos economistas na transição para um modelo de desenvolvimento sustentável e resiliente.
Carlos explicou que os estudos conduzidos pela universidade analisam como a economia do Rio Grande do Sul tem se comportado ao longo do tempo, especialmente no contexto da emergência climática e tendo como foco as enchentes que atingiram Porto Alegre em 2024. Entre as áreas analisadas estão tributação, regulação e o impacto das políticas públicas no enfrentamento da crise ambiental. “A partir do evento climático, começamos a entender quais são os desafios para que tenhamos um desenvolvimento sustentável efetivo no estado, com uma transformação produtiva que incorpore a questão climática de forma endógena”, explicou.
Schönerwald destacou ainda o papel essencial dos economistas nesse processo, já que são profissionais que podem contribuir, tanto no setor privado, ajudando empresas a integrarem práticas sustentáveis em seus negócios, quanto no setor público, por meio de pesquisas acadêmicas e formulação de políticas públicas.
Gruber destacou a importância de um planejamento estratégico que considere os novos cenários climáticos e as frequentes adversidades ambientais. “Temos trabalhado intensamente com questões relacionadas às mudanças climáticas em diversos âmbitos, desde estudos na Antártica até análises sobre deslizamentos de terra, modelagens e impactos socioeconômicos e ambientais. É crucial adotarmos uma nova perspectiva de planejamento que priorize a sustentabilidade e a preservação ambiental, já que eventos extremos estão se tornando mais frequentes e intensos”, afirmou.
O professor ressaltou que o trabalho de prevenção e adaptação às mudanças climáticas deve ser integrado e multidisciplinar, envolvendo áreas como engenharia, arquitetura, economia, biologia, física e química. Ele também mencionou a necessidade de dialogar com planejadores e economistas para buscar soluções conjuntas.
XXVI Congresso Brasileiro de Economia
O Congresso Brasileiro de Economia ocorreu de 06 a 10 de outubro no Plaza São Rafael Hotel, em Porto Alegre, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Reconstrução, Desafios e Oportunidades”. O evento reuniu cerca de 50 especialistas e 500 participantes (online e presencial) em torno de grandes temas que impactam o futuro do país, como reforma tributária, mudanças climáticas, comércio internacional, agronegócio, desigualdades regionais, inovação, economia comportamental, educação financeira e o papel do Estado na neoindustrialização. A promoção foi do Cofecon, em parceria com o Corecon/RS.
O evento contou com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vero/Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Monte Bravo Investimentos, Conselhos Regionais de Economia de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro.