XXVI CBE: A perícia ambiental e a importância de agir antes do dano

Economista alerta que atuação na área não deve se limitar à mensuração de prejuízos, mas propor soluções para evitar danos socioambientais

Encerrando Fórum de Perícia Econômico-Financeira realizado durante o XXVI Congresso Brasileiro de Economia (CBE), o economista e professor Gustavo Inácio de Moraes apresentou uma abordagem inovadora sobre a atuação do economista na interface entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Em sua palestra, intitulada “Perícia Econômica, Ambiental e Danos”, o doutor pela USP e docente da PUCRS destacou que a perícia ambiental ainda é majoritariamente reativa no Brasil, entrando em cena apenas após a ocorrência de desastres. Para ele, esse modelo está ultrapassado.

“O perito ambiental precisa propor antes de reagir. Ele não deve apenas mensurar prejuízos, mas atuar como instrumento para preveni-los”, defendeu. O professor destacou que a perícia ambiental é, por natureza, interdisciplinar, exigindo diálogo entre diferentes áreas do conhecimento. Apresentou cinco métodos de valoração econômica — custo da viagem, preço hedônico, lucros cessantes, valoração contingente e bens e insumos complementares —, cada um revelando dimensões diferentes do valor ambiental.

Entre os exemplos citados, Moraes relembrou o vazamento de petróleo na Baía de Paranaguá (2005) e o caso de Eldorado do Sul (RS), município que desempenha papel crucial na preservação da água do Guaíba. “É uma cidade que faz um esforço ambiental em benefício de todos os demais municípios da região metropolitana, e esse esforço precisa ser reconhecido e valorado”, destacou.

Ao concluir, defendeu que a perícia ambiental deve ser vista como uma forma de seguro. “O símbolo do seguro é o guarda-chuva: ele serve para evitar que a gente se molhe, não para secar depois. É assim que o economista deve pensar quando atua com o meio ambiente — com uma postura preventiva e propositiva”, afirmou.

XXVI Congresso Brasileiro de Economia 

O Congresso Brasileiro de Economia ocorreu de 06 a 10 de outubro no Plaza São Rafael Hotel, em Porto Alegre, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Reconstrução, Desafios e Oportunidades”. O evento reuniu cerca de 50 especialistas e 500 participantes (online e presencial) em torno de grandes temas que impactam o futuro do país, como reforma tributária, mudanças climáticas, comércio internacional, agronegócio, desigualdades regionais, inovação, economia comportamental, educação financeira e o papel do Estado na neoindustrialização. A promoção foi do Cofecon, em parceria com o Corecon/RS. 

O evento contou com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vero/Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Monte Bravo Investimentos, Conselhos Regionais de Economia de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro. 

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