XXVI CBE: “Inteligência artificial é aliada do economista perito”, afirma Nelson Seixas

Em palestra no Fórum de Perícia Econômico-Financeira, especialista mostra como IA pode aumentar produtividade e qualidade das perícias, desde que usada com responsabilidade e supervisão técnica

O avanço da inteligência artificial (IA) já está transformando profissões e criando novas formas de produzir conhecimento — e, no campo da perícia econômico-financeira, não será diferente. Foi com essa perspectiva que o economista Nelson Seixas dos Santos conduziu sua palestra no XXVI Congresso Brasileiro de Economia (CBE), defendendo que a tecnologia deve ser vista como uma ferramenta estratégica e não como competidora do trabalho humano. Com uma abordagem leve e prática, Seixas destacou que a IA amplia a capacidade de análise do perito ao automatizar tarefas repetitivas e liberar tempo para o que realmente importa: a interpretação crítica dos fatos econômicos e a construção de argumentos técnicos de qualidade.

O economista abriu a fala com uma provocação: “Muitos veem a IA como uma ameaça, mas o que precisamos é compreendê-la como uma aliada”. Segundo Seixas, a inteligência artificial ainda está em estágio inicial, mas já transforma o modo de trabalhar em diferentes áreas. “Assim como a internet mudou completamente o nosso modo de atuar, a IA também vai mudar. A diferença é que, neste momento, não há risco de substituição do perito humano. Pelo contrário, há novas oportunidades”, afirmou.

O professor demonstrou o potencial da tecnologia exibindo um vídeo totalmente produzido por IA, em apenas seis minutos, com ferramentas gratuitas como o Notebook LM e o Gamma App. “A IA permite que foquemos no que realmente importa: a análise econômica, o raciocínio crítico e a interpretação dos dados”, explicou. Ao mesmo tempo, alertou para as limitações do uso dessas ferramentas, como as chamadas “alucinações” — quando o sistema gera informações falsas — e a falta de transparência dos algoritmos. “Essas limitações reforçam que a IA deve ser supervisionada e validada por especialistas. Ela é uma ferramenta de auxílio, não de decisão autônoma”, pontuou.

Durante a palestra, Seixas apresentou também resultados de pesquisas em bases acadêmicas como o Google Scholar e o RePEc, que mostram o quanto o tema ainda é pouco explorado na literatura econômica. “Quando buscamos trabalhos sobre inteligência artificial aplicada à perícia econômica, encontramos quase nada. Isso mostra o tamanho da oportunidade que temos. Podemos e devemos ocupar esse espaço”, destacou.

Para ele, o domínio da IA não exige formação técnica avançada, mas sim curiosidade e disposição para aprender. “O perito não precisa ser programador, mas precisa entender o básico — o que é um algoritmo, como funcionam os modelos de linguagem, quais são suas limitações. Quando conhecemos, deixamos de temer. E é aí que a IA passa a trabalhar a nosso favor”, afirmou.

Encerrando com leveza, Seixas exibiu um vídeo gerado por IA intitulado “O Exterminador de Economistas” e brincou: “Ainda faltam 20 ou 30 anos para isso acontecer. Até lá, seguimos no controle”. Em seguida, concluiu com uma reflexão: “A IA não vai nos eliminar, mas vai exigir que sejamos melhores no que fazemos. Cabe a nós formar profissionais capazes de usá-la com propósito e eficiência.”

XXVI Congresso Brasileiro de Economia 

O Congresso Brasileiro de Economia ocorreu de 06 a 10 de outubro no Plaza São Rafael Hotel, em Porto Alegre, com o tema “Desenvolvimento Sustentável: Reconstrução, Desafios e Oportunidades”. O evento reuniu cerca de 50 especialistas e 500 participantes (online e presencial) em torno de grandes temas que impactam o futuro do país, como reforma tributária, mudanças climáticas, comércio internacional, agronegócio, desigualdades regionais, inovação, economia comportamental, educação financeira e o papel do Estado na neoindustrialização. A promoção foi do Cofecon, em parceria com o Corecon/RS. 

O evento contou com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Vero/Banrisul, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Monte Bravo Investimentos, Conselhos Regionais de Economia de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro. 

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