Fórum Nacional pela Redução da Desigualdade Social envia carta aberta ao CMN 

Mobilização teve como objetivo sensibilizar os membros do Conselho Monetário Nacional para que a meta de inflação volte a ser de 4,5%, como ocorreu entre 2004 e 2018. Patamar atual é 3% 

Integrantes do Fórum Nacional pela Redução da Desigualdade Social (FNRDS) estiveram na tarde desta quinta-feira (28) na sede do Banco Central do Brasil, em Brasília. Eles foram à autarquia para protocolar na instituição uma carta aberta dirigida aos três integrantes do Conselho Monetário Nacional. Ela pode ser lida clicando AQUI

“O propósito da nossa vinda ao Banco Central é que vai ocorrer uma reunião do Conselho Monetário Nacional às 15 horas e o CMN é responsável pela fixação da meta de inflação”, explicou o economista Júlio Miragaya, coordenador do Fórum. Uma das atribuições do colegiado é a definição da meta de inflação vigente no Brasil – atualmente de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual. 

“Nós identificamos que, de 2005 a 2018, quando a meta era de 4,5% com uma banda de 2 pontos (1,5 em 2017 e 2018), em apenas um ano, 2015 (ano de crise profunda), a meta foi superada”, explicou o economista. “O que aconteceu a partir de 2019 é que essa meta foi gradativamente reduzida até chegar aos 3%. Ora, é uma meta irrealizável no nosso país. O Brasil é um país em desenvolvimento que tem N fatores que afetam a inflação (como preços administrados, preços de commodities). E nesses seis anos, apenas uma vez a meta ficou dentro do estabelecido”.  

O Fórum é composto por cerca de 30 entidades entre centrais sindicais, movimentos sociais, órgãos profissionais e outras organizações da sociedade civil. Maria Lúcia Fatorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida – uma das entidades integrantes – destacou a importância da nota do Fórum levada até o Conselho Monetário Nacional. 

 “Estamos aqui denunciando que o mercado financeiro não pode se sobrepor à nação brasileira. É o mercado financeiro que está determinando, no Brasil, o funcionamento da política monetária do Banco Central e as diretrizes que o Conselho Monetário Nacional deveria colocar para o bom funcionamento da economia brasileira”, expressou Fattorelli. “Nós estamos reivindicando ao ministro da fazenda, Fernando Haddad, à ministra do planejamento, Simone Tebet, e ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que são os componentes do Conselho Monetário Nacional, que determinem diretrizes que interessam à economia brasileira e não essa farra de juros que está acontecendo no Brasil, explodindo a chamada dívida pública sem contrapartida alguma e transferindo recursos públicos de maneira escandalosa para o setor financeiro e para grandes corporações e especuladores”. 

Problemas de uma meta de 3% 

Miragaya apontou que há uma pressão do mercado financeiro para que uma inflação acima da meta (3% + 1,5 ponto percentual) seja caracterizada como um “estouro inflacionário”. “Inflação pesada nós tivemos no passado, com 200% ao ano, 300% ao ano, até 1.500% ao ano. Não é uma inflação de 5,5% que vai comprometer a economia nacional. Mas isso tem sido usado pelo mercado financeiro para pressionar o Banco Central a aumentar a Selic”, argumentou. “Isso reduz o investimento produtivo e aumenta os gastos da dívida pública, que foram de R$ 998 bilhões no ano passado – oito vezes o orçamento do Bolsa Família, sete vezes o orçamento do Ministério da saúde”. 

“O estrago provocado na economia nacional é enorme. Tem uma pequena elite que se beneficia de uma taxa de juros tão elevada, que é aquela que tem capacidade de aplicação no mercado financeiro”, afirmou o economista. “Nossa presença aqui é para mostrar esse desvario que é a meta de inflação de 3% ao ano e tentar sensibilizar o CMN para que volte à meta de 4,5%, que é absolutamente compatível com o projeto de desenvolvimento do País”. 

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