No Jornal da Cultura, Lacerda analisa cenário econômico 

Conselheiro federal comentou indicadores econômicos, desafios regionais, usos da inteligência artificial e queda nos preços dos alimentos 

No dia 3 de julho, o conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda participou como comentarista do Jornal da Cultura, analisando os principais acontecimentos econômicos veiculados naquela edição. Ele abordou a disputa com relação ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a posição do Brasil na presidência do Mercosul, o uso da inteligência artificial para diagnósticos médicos complexos e a queda nos preços dos alimentos. 

Questionado se a disputa entre o poder Executivo e do Legislativo acerca do IOF provoca efeitos econômicos adversos, Lacerda respondeu que a economia vai bem. “A bolsa, que é um indicador de confiança futura, fechou o primeiro semestre com alta no volume negociado e valorização de 15% nas ações. Temos inflação em queda, emprego e renda em alta”, apontou o conselheiro federal. “Temos o desafio dos juros, na medida em que a inflação começa a ceder. Isso está ficando muito claro nos indicadores, especialmente de alimentos, ajudados pelo câmbio e pelos preços internacionais”. 

O Brasil assumiu a presidência do Mercosul e um dos assuntos de maior destaque no bloco é o acordo com a União Europeia. “Há interesses divergentes de países como a França. Sob o argumento da preservação da paisagem e da segurança alimentar, há subsídios bilionários à sua agricultura e pecuária”, explica o economista. “Ao Brasil interessa o acesso à União Europeia, sem, no entanto, prejudicar os produtores locais. Nesse sentido, a tarifa externa comum cria uma proteção quase que natural”. 

Outro desafio enfrentado pelo bloco é o de melhorar o comércio intrarregional. “No Mercosul, ele representa apenas 15% do total, contra 58% na Europa e mais de 50% na América do Norte. A América do Sul precisa desobstruir as dificuldades de acesso via infraestrutura logística e integração, aproveitando as sinergias que há do ponto de vista da indústria, serviços e demais atividades”, observa. “As exportações brasileiras para a região envolvem mais produtos industrializados, ao contrário do que acontece com as exportações para Estados Unidos, Europa e Ásia. Neste sentido, o comércio regional representa uma oportunidade num cenário turbulento com fatores climáticos e geopolíticos e riscos de saúde e insegurança alimentar”. 

Outro tema abordado no noticiário foi o uso da inteligência artificial para diagnósticos médicos complexos. “Ela não substitui o profissional. É um instrumento complementar. Tem ganhos incríveis, e eu acrescentaria a compilação de dados e tratamentos feitos e exames em diferentes locais, o que facilita a vida dos profissionais de saúde e dos pacientes, que às vezes somos abordados com perguntas que não sabemos responder”, comentou Lacerda. “Há um ganho inegável, uma evolução que vai exigir de todos nós, em todos os ramos, um aprimoramento. Todos enfrentaremos este desafio e oportunidade”. 

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) referente a alimentos apresentou uma queda de 0,66% em junho – um movimento que vem após uma alta ocorrida no final de 2024 e início de 2025. “Houve o que chamamos de tempestade perfeita, combinando fatores climáticos e geopolíticos que dificultaram a importação e a logística, e uma taxa de câmbio que chegou a R$ 6,40 e agora retornou a R$ 5,50”, pontuou o ex-presidente do Cofecon. “Os mesmos fatores que empurraram os preços para cima num passado recente os trazem novamente para baixo”. 

O congresso norte-americano aprovou um pacote de redução de impostos e cortes em programas sociais. “Administrar um país como se fosse uma empresa é típico de uma visão microeconômica. Do ponto de vista macroeconômico, as pessoas que deixarão de receber auxílio também representarão dificuldades maiores para o sistema de saúde, de aparato social, e não trarão a contribuição para a movimentação econômica”, analisa Lacerda. “Do outro lado, a capacidade do Estado de executar estes programas fica diminuída. Não necessariamente isto trará um resultado favorável para a sociedade. Há também um retrocesso no cuidado ambiental, que tinha certo consenso”. 

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