Roda de conversa marca encerramento das comemorações pelo Mês da Mulher
Com o tema “Mulheres Economistas: Protagonismo, Voz e Caminhos”, atividade contou com reflexões sobre igualdade de gênero e apresentação musical
O Conselho Federal de Economia e o Conselho Regional de Economia do Distrito Federal realizaram nesta quinta-feira (03) uma roda de conversa intitulada “Mulheres Economistas: Protagonismo, Voz e Caminhos”. O evento marcou o encerramento das atividades comemorativas ao Mês da Mulher e contou com apresentações dos artigos publicados na revista Economistas de março e uma apresentação musical realizada pela economista Chirlene Maia.
“Celebramos várias atividades, palestras e rodas de conversa e hoje temos um dia muito interessante, inclusive com mulheres que produzem literatura. Adicione-se ao papel da mulher a diversidade, de conseguir trabalhar com as questões que dizem respeito ao desenvolvimento das capacidades”, comentou a presidenta do Cofecon. “Este evento vem coroar também a publicação da revista deste Conselho que trata da temática da mulher. Este é um avanço para o Sistema Cofecon/Corecons, conseguimos estabelecer uma agenda eclética, dando acesso às demais mulheres à informação sobre a área da economia, mas na perspectiva da própria mulher”.
A conselheira Teresinha de Jesus Ferreira da Silva, coordenadora da Comissão Mulher Economista e Diversidade, mencionou as atividades que vão além do Mês da Mulher. “São várias ações que temos programadas, como o III Seminário Nacional da Mulher Economista, que acontecerá em setembro, em Salvador, e antecipadamente convidamos as mulheres e também os homens, e temos o Fórum da Mulher Economista, que acontecerá em outubro, dentro do Congresso Brasileiro de Economia”, comentou. “Queremos avançar no Sistema Cofecon/Corecons como um todo. Por isso esta roda de conversa é importante”.
A presidente do Corecon-DF, Luciana Acioly, em sua fala de abertura, saudou a iniciativa. “Colocamos questões importantes que desafiam não só as mulheres no ponto de vista geral de suas atividades, mas a mulher economista”, afirmou. “No nosso Corecon-DF temos o Grupo de Trabalho Mulher Economista e é nossa bandeira neste ano fortalecer o debate público sobre o desenvolvimento econômico, mas com paridade e distribuição igual de ganhos, responsabilidades e lugares de fala”.
“As articulistas foram brilhantes nas suas produções e tratam de uma maneira bastante direta os problemas que envolvem a presença das mulheres no mundo do trabalho e das mulheres economistas”, afirmou a vice-coordenadora da Comissão Mulher Economista e Diversidade, Lucia dos Santos Garcia, mediadora da roda de conversa. “Além de trazermos temas relativos à desigualdade de gênero, estamos trazendo um alargamento da própria economia. Discordo daquela máxima de que as mulheres economistas deveriam se centrar apenas nos temas tradicionais da economia, validando nossa presença lá. Além de discutir a questão da produção, distribuição e políticas econômicas, temos que trazer uma discussão mais ampla do trabalho e outros temas”.
Artigos publicados
As autoras dos artigos publicados na edição de março da revista Economistas tiveram um espaço para falar de seus tempos. Várias delas participaram do evento de forma remota e trouxeram suas ideias sobre cada um dos assuntos abordados.
Beatriz Worspite – Capitalismo, trabalho doméstico não remunerado e sustentabilidade da vida: “Eu faço uma relação entre o sistema capitalista e o trabalho doméstico não remunerado. A ideia é expor a centralidade que as mulheres ocupam nesse trabalho para o próprio funcionamento do sistema capitalista e da economia”.
Dirlene Silva – Mulheres na Economia: “Fiz este artigo baseado nos estudos da Claudia Goldin, ganhadora do Nobel de Economia de 2023, que traz que a presença da mulher no mercado de trabalho tem uma grande dificuldade porque a mulher tem um acesso muito desigual, com salários desiguais. Os números mostram que as mulheres têm mais estudo, então há barreiras culturais que fazem com que a trajetória das mulheres seja muito mais difícil”.
Isabel Ribeiro – Da evolução da ciência econômica ao reconhecimento das mulheres economistas: “A ideia era contar a história da presença da mulher economista na ciência. Quis mostrar mulheres que tenham atuado de forma protagonista no Brasil e no mundo e valorizar as iniciativas que o Conselho tem realizado para valorizar as mulheres economistas”.
Mônica Beraldo – Adoráveis Mulheres Economistas: “Nós contamos essa história a partir do Congresso Brasileiro de Economia de 1999, quando se coloca num evento oficial do Sistema a questão da mulher, do gênero. A partir daí começa-se uma construção de mudança de cultura par que continuássemos a falar sobre a mulher economista. O assunto volta à tona pelos homens que aderem a essa campanha e colocam a necessidade de organizar as mulheres economistas, e descrevemos esta trajetória até chegar à posse da presidenta Tania Teixeira no Cofecon”.
Pâmela Sobrinho – Políticas públicas de gênero e as mulheres no capitalismo tardio: “Meu artigo é a continuação de um trabalho que venho desenvolvendo sobre mulheres, sociedade, neoliberalismo e mercado de trabalho. Não podemos falar só de mulheres e sua posição no mercado de trabalho sem pensar no sistema econômico. Faço uma análise das políticas públicas e como, apesar de estarem crescendo e progredindo, ainda temos um atraso. Vemos um caminho de progressão e retrocesso e precisaremos de muito trabalho para conseguir espaço, tanto na profissão quanto no Brasil.
Janile Soares – Mulheres e Superendividamento: “Participei da criação do núcleo de apoio ao superendividado no Procon de Canoas/RS e esse trabalho me trouxe muita visão sobre o assunto, que é um tema muito novo e crescente no Brasil. As mulheres são afetadas por fatores como a desigualdade salarial, a sobrecarga de responsabilidades e a precarização do trabalho. Este cenário compromete a qualidade de vida e afeta a participação econômica das mulheres”.
Adriana Ripka – Mercado de Trabalho e Desigualdade de Gênero: “Ao trabalhar com dados referentes à desigualdade no mercado de trabalho, passamos a pensar de forma focada na profissão de economista. No artigo, vocês podem encontrar um comparativo dos números que temos dos economistas registrados em cada unidade e a proporção feminina, que infelizmente acaba sendo baixa também. Também pensamos em como aproximar as mulheres dos Conselhos de Economia”.
Viviane Almeida – O impacto dos vieses cognitivos na desigualdade de gênero nas instituições financeiras brasileiras: “É uma honra falar da economia comportamental. Falo sobre a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e, principalmente, nas instituições financeiras. Achei pertinente trazer os vieses cognitivos, porque há poucos estudos falando de como eles impactam, principalmente, nas contratações – principalmente o viés de confirmação, que é o erro de já ter uma crença pré-estabelecida. A crença de que o homem é provedor e a mulher é reprodutora impacta nas tomadas de decisões econômicas”.
Renata Sena – Resiliência na Infraestrutura: Uma Estratégia Econômica: “Trabalho com infraestrutura há mais de 10 anos e acompanhando o assunto ao longo dos anos uma das coisas que percebemos é que historicamente o investimento que o Brasil faz nesta área é muito baixo. O grande problema é que este fator afeta nossa competitividade, tanto em relação às exportações como no preço dos produtos domésticos. Agora temos a questão das mudanças climáticas impactando a infraestrutura, e precisamos adequá-la para que seja mais resiliente e que tenhamos respostas mais rápidas. Além da estratégia, há também todo o lado social que precisa ser observado, com o deslocamento da população”.
