Podcast Economistas: André Roncaglia recebe prêmio de Personalidade Econômica do Ano
Economista, que é diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), compareceu à sede do Cofecon para receber a honraria. Ele falou sobre a sua trajetória e deixou uma mensagem para os estudantes de economia
O economista André Roncaglia de Carvalho esteve nesta quinta-feira (03) na sede do Cofecon para receber o prêmio Personalidade Econômica do Ano 2024, um reconhecimento à sua relevante contribuição para o debate econômico no Brasil. A premiação foi entregue pela presidenta do Cofecon, economista Tania Cristina Teixeira. Roncaglia falou sobre sua trajetória acadêmica e profissional e a importância dos Conselhos de Economia. Leia a matéria abaixo e confira o podcast Economistas desta semana, que pode ser acessado na sua plataforma favorita ou no player abaixo.
Também estiveram presentes o vice-presidente da autarquia, João Manoel Gonçalves Barbosa; os conselheiros José Luiz Pagnussat e Antonio Corrêa de Lacerda, sendo que este último foi professor de Roncaglia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP); e as presidentes de Corecons Luciana Acioly (Corecon-DF) e Valquíria Aparecida Assis (Corecon-MG).
“Estou emocionado porque ainda me lembro de quando era estudante, eu via os economistas do Conselho Regional de Economia falando e imaginava: acho que nunca vou conseguir fazer isso, falar sobre vários temas de uma maneira desenvolta”, recordou Roncaglia. “Para mim é uma alegria imensa estar hoje aqui no Conselho Federal de Economia, que reúne os Conselhos Regionais, na presença de um grande mestre, e fazer parte de uma lista como esta, com gente que admiro, mestres como Maria da Conceição Tavares, Antonio Corrêa de Lacerda, Leda Paulani, Gabriel Galípolo que hoje é presidente do Banco Central”.
“A minha própria trajetória é a representação da importância dos Conselhos Regionais e do Conselho Federal de Economia, não apenas no sentido da regulação e da proteção da profissão, mas também do estímulo ao debate, produzindo diversidade de conhecimento e de visões da economia”, observou o homenageado. “Esta é uma ciência muito importante que não pode se render ao caminho fácil do pensamento único. As trajetórias do desenvolvimento são múltiplas, devido a fatores históricos, sociológicos, antropológicos e culturais, e cultivar a diversidade faz parte da própria história da humanidade”.
“Estar em contato com o Corecon-SP e depois com o Cofecon foi fundamental para que eu pudesse ter acesso a diferentes visões, presenciar muitas discussões entre economistas, mas sobretudo ter mestres e economistas que eu admiro e poder interagir com eles desde cedo”, mencionou. “Estou vendo aqui o nome do professor Paulo Sandroni e eu me lembro de ter participado da primeira Gincana de Economia, logo depois que ele lançou o jogo”, recordou, em referência ao período em que o evento era organizado pelo Corecon-SP, na década de 2000.
“A economia é uma ciência muito difícil. Requer muito tempo, dedicação e imersão. Aprendi economia quando não pensava mais nada a não ser economia”, refletiu Roncaglia. “Comecei estudando reforma do Estado na PUC/SP, com meu querido professor Carlos Donizetti Macedo Maia, e no mestrado estudei escola austríaca, que tem uma alta aversão ao Estado. Foi muito importante estudar uma escola de pensamento com a qual eu não necessariamente tinha afinidade, mas queria aprender. Meu próprio caminho é uma expressão da diversidade de pensamento e curiosidade”.
“Quis a vida que eu pudesse usar no Fundo Monetário Internacional meus conhecimentos adquiridos com o Lacerda, fato que muito me honra por representar o País numa instituição cujo estigma na nossa região é tão grande, mas posso ver como ela se transforma”, expressou o economista. “Estou ansioso para voltar futuramente e contar tudo o que eu aprendi no Fundo Monetário Internacional, tudo aquilo que eu puder compartilhar com vocês de maneira tão vívida”.
Trajetória
Com uma trajetória marcada pelo rigor acadêmico e pelo compromisso com a análise crítica da economia brasileira, André Roncaglia tem se consolidado como uma das vozes mais influentes do pensamento econômico no país. Atua nas áreas de macroeconomia, economia política e desenvolvimento, com pesquisas que abordam temas como política industrial, distribuição de renda e papel do Estado.
Roncaglia é graduado e mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Foi professor de várias instituições, entre as quais a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB). É autor de diversos livros, vários deles em parceria com outros autores, entre os quais destacam-se: Poder e Desigualdade (com Cesar Calejon), Bidenomics nos Trópicos (com Nelson Barbosa) e Brasil: Uma Economia que Não Aprende (com Paulo Gala). Em setembro de 2024 assumiu o cargo de diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional para um grupo de 11 países, incluindo o Brasil.
Votação
A premiação reconhece economistas que se destacam por sua contribuição à profissão de economista e à ciência econômica, tanto na vertente teórica quanto na aplicada, seja por meio da pesquisa, do ensino, da atuação no setor público ou privado, ou da disseminação do conhecimento econômico para a sociedade. Entregue desde 2004, já premiou economistas como Maria da Conceição Tavares, Eduardo Gianetti da Fonseca, Paulo Nogueira Batista Junior, Otaviano Canuto e Gabriel Galípolo.
A votação tem início com as indicações feitas pelos conselheiros federais e pelos Conselhos Regionais de Economia – cada um pode indicar até dois nomes. Com base em todas as sugestões recebidas, e verificados os critérios de elegibilidade, o plenário do Cofecon é responsável pela elaboração de uma lista com 10 nomes. Dentre eles, os Corecons elaboram uma lista tríplice, dentro da qual o plenário do Cofecon deverá eleger um ganhador – necessariamente por maioria.
As premiações do Cofecon referentes ao ano de 2024 foram entregues no dia 20 de fevereiro. A entrega do prêmio Personalidade Econômica do Ano 2024 teve seu adiamento devido às atividades do premiado fora do País.
