Luís Nassif, o mineiro cidadão paulistano e do mundo, por Antonio Lacerda
Entrega do título de cidadão paulistano acontecerá nesta sexta-feira (14). Jornalista é editor do Jornal GGN, que recebeu do Sistema Cofecon/Corecons em três ocasiões o prêmio de Destaque Econômico – Mídia
Artigo de opinião por Antonio Corrêa de Lacerda*
A Câmara Municipal de São Paulo concede merecidamente o título de “Cidadão Paulistano” a Luís Nassif. Iniciativa do bravo vereador Eliseu Gabriel, a premiação ocorrerá no dia 14/11/2025 às 19h. Trata-se de justo e merecido reconhecimento do mineiro de Poços de Caldas que adotou, há mais de 50 anos, a cidade de São Paulo para viver e realizar suas múltiplas facetas.
Nassif abarca a dimensão do jornalista na mais completa acepção do termo, com atuação profissional fortemente fundada no conhecimento, no apuro incansável dos fatos e dados, no exercício do contraditório, na análise profunda e, sobretudo, na coerência ao longo da vida. Algo que, por exercê-lo de forma intensa lhe rende incontáveis admiradores, mas também alguns desafetos.
Vinicius de Moraes dizia que “você não faz amigos, os reconhece”. Parafraseando o poetinha: não se faz inimizades. Muitas vezes, elas acabam acontecendo no “frigir dos ovos”, no curso dos acontecimentos. E, infelizmente, se a amizade se desfez é porque talvez, no fundo, nunca tenha havido de fato.
Mas, aqui uma “dica” aos eventuais ex-“amigos”: o coração do “Turco”, como alguns velhos amigos o tratam, é maior que as diferenças e desavenças e sempre abriga uma reconciliação sincera.
Reconhecido e premiado como um dos nossos melhores jornalistas desde os tempos de Veja, Jornal da Tarde, Folha de São Paulo e outros, assim como no jornalismo eletrônico. Nassif foi um dos pioneiros do jornalismo econômico de massa, na tradução dos conceitos econômicos, no uso da matemática e estatísticas aplicadas, sempre no intuito da prestação de serviços à cidadania.
Há, além disso, também a dimensão do escritor, romancista, biógrafo, pesquisador, apresentador de programas (TV, rádio e internet), produtor e, por que não, influencer e podcaster como mais comumente definido. Mas, a “cereja do bolo” está na sua pegada cultural de profundo conhecedor da história e amplitude da área. Músico, poeta, cancionista, letrista, compositor, Nassif também é descobridor, incentivador e divulgador de grandes talentos, alguns dos quais ajudou a tirar do anonimato, mesmo antes da existência das redes sociais e das plataformas digitais.
Autor de dezenas livros, vários deles premiados, destaco o “Lava Jato: O jogo político que comprometeu o futuro do País” (Editora Contracorrente), que, na contramão do senso comum, denunciou toda a trama e a injustiça envolvida e suas consequências, políticas, econômicas, sociais e pessoais a muita gente injustiçada.
Celso Furtado (1920-2004), o maior dos economistas brasileiros, denunciava a armadilha da “mimetização dos padrões de produção e consumo” dos países ricos como um dos impeditivos do desenvolvimento, que ele definia como “ser dono do próprio destino”. Para isso considerava, para além da economia. a dimensão cultural, como fundamento do Projeto de Nação.
Daí a importância dos brasileiros, que, como Nassif, militam e agem em várias frentes. Só o reconhecimento e firmeza da brasilidade, sua valorização e disseminação permite construir um País mais justo e menos desigual.
Dizem que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Na verdade, não por trás, mas ao lado, Nassif teve sua mãe, assim como tem suas irmãs, filhas, netas e a esposa, “cúmplice” em todas as frentes, Eugênia Gonzaga.
Como sugerido no samba Argumento, de Paulinho da Viola, “Faça como um velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar”, Nassif sempre soube e sabe enfrentar as intempéries da vida. Como também impor a “velocidade de cruzeiro” quando assim permitem as condições de temperatura e pressão. Evoé ao mineiro poçoscaldense, cidadão paulistano e do mundo!
Antonio Corrêa de Lacerda é Professor-Doutor do programa de pós-graduação em Economia Política da PUC-SP e membro da Comissão de Estudos Estratégicos do BNDES. Publicou cerca de 20 livros da área de Economia – entre eles “Desnacionalização” – vencedor do Prêmio Jabuti de 2001, na área de economia. Atualmente é conselheiro federal e coordenador da Comissão de Política Econômica do Cofecon.
