Lucia Garcia analisa momento do mercado de trabalho brasileiro 

Terceiro trimestre registrou taxa de desemprego estável no menor índice da série da Pnad Contínua (5,6%) 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última sexta-feira (31) os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, revelando que o desemprego no terceiro trimestre do ano (julho a setembro) foi de 5,6%. A conselheira federal Lucia dos Santos Garcia comentou os dados e analisou as mudanças que o mercado de trabalho brasileiro vem enfrentando. 

O número de 5,6% na taxa de desocupação repete o menor índice da série histórica. O total de trabalhadores do país (102,4 milhões) também se encontra estável em um patamar recorde. Para Lucia, essa estabilidade “retrata não só um arrefecimento na entrada de pessoas no mercado de trabalho, como também na geração de postos e no ímpeto de criação de novas oportunidades”. Ainda assim, ela ressalta que “há muito movimento no nosso mercado”. De acordo com a conselheira, o trimestre apresentou crescimento da ocupação na agricultura e na construção civil, enquanto, na comparação anual, “há continuidade na geração de empregos nos setores que já vinham puxando o crescimento do mercado brasileiro, como logística, transporte de carga, informação, negócios financeiros e serviços urbanos”. 

Ela também aponta a expansão de ocupações nos setores sociais, como educação, saúde e administração pública, e enfatiza que o país vive um processo de transformação estrutural. “O mercado de trabalho brasileiro segue mudando, criando formas de trabalho diferenciadas dos modelos tradicionais da indústria e do comércio”, afirmou. Entre as tendências mais marcantes, observa um crescimento expressivo de ocupações ligadas à chamada pejotização e contratações no setor público de formas não tradicionais. “Não se trata do concurso público nem da seleção celetista, mas de formas contratuais especiais, o que indica que estados e municípios podem estar no aguardo da reforma administrativa”, observou. 

Apesar de registrar aumento de 4% no rendimento médio e expansão da massa de rendimentos, a conselheira adverte que o cenário é ambíguo. “Estamos diante de um mercado que se transforma e gera renda, mas que ainda preocupa. Ele tem alta taxa de informalidade e baixa proteção dos trabalhadores”, observou. “Ele é também bastante limitado para impulsionar novas oportunidades. As ocupações geradas ocorrem em segmentos não muito potentes do ponto de vista do encadeamento do desenvolvimento”. 

Por fim, a conselheira avaliou que o momento do mercado brasileiro é de transição. “Ele resiste ante uma instabilidade no plano internacional e uma mudança bastante importante no que diz respeito às organizações que sustentam a contratação do trabalho no Brasil”, finalizou. 

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