Tania Teixeira comenta escolha dos ganhadores do Nobel de Economia
Prêmio de 2025 será entregue a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por explicar como as novas tecnologias podem dirigir o crescimento sustentado
A Real Academia Sueca de Ciências anunciou nesta segunda-feira (13) os nomes dos economistas Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt como ganhadores do Prêmio do Banco Central Sueco de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel. A escolha dos nomes se deu “por terem explicado como as novas tecnologias podem dirigir o crescimento sustentado”.
“O Nobel deste ano evidencia que não há crescimento econômico sustentado sem investimento contínuo em ciência, tecnologia e produtividade. O trabalho dos laureados nos lembra que toda transformação econômica precisa ser orientada por escolhas políticas e institucionais”, afirma a presidenta do Cofecon, Tania Cristina Teixeira. “O desenvolvimento sustentável e a inclusão são os grandes desafios do Século XXI, e estes desafios requerem uma estratégia, com um Estado indutor, um setor privado dinâmico e compromisso com a redução das desigualdades”.
“Para o Brasil, a lição é clara: precisamos criar um ambiente saudável, estimular a pesquisa aplicada e garantir que os ganhos da inovação cheguem à sociedade. Temos muito a melhorar: no ranking Global Innovation Index de 2024, da World Intelectual Property Organization (Organização Mundial da Propriedade Intelectual, agência da ONU responsável por promover políticas globais de inovação e propriedade intelectual), aparecemos na 54ª posição entre 132 países”, pontuou Tania.
“Nossos investimentos em pesquisa e desenvolvimento representam 1,2% do produto interno bruto, abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que é de 2,7%”, prosseguiu a presidenta. “Dados do Ibre/FGV mostram que a produtividade do trabalho no Brasil cresce abaixo de 0,3% ao ano desde 1980. Além disso, a pesquisa de inovação (PINTEC/IBGE) aponta que menos de 2% das empresas brasileiras desenvolvem inovação radical. Esses indicadores reforçam a urgência de ampliar investimentos estratégicos em inovação”.
Progresso tecnológico e destruição criativa
Metade do prêmio será entregue a Mokyr, reconhecido por sua contribuição ao identificar os pré-requisitos para um crescimento sustentável por meio do progresso tecnológico. A outra metade será dividida entre Aghion e Howitt por suas contribuições ao conceito de destruição criativa – a ideia de que inovações destroem tecnologias e processos obsoletos, criando espaço para novos ciclos produtivos.
De acordo com o comunicado, a estagnação econômica foi a norma durante a maior parte da história da humanidade. Apesar de descobertas importantes que às vezes levaram a melhores condições de vida e rendas mais altas, o crescimento sempre se estabilizou.
“Mokyr utilizou fontes históricas como um meio para descobrir as causas do crescimento sustentado se tornando o novo normal. Ele demonstrou que, para que as inovações se sucedam em um processo autogerado, não precisamos apenas saber que algo funciona, mas também o porquê. Este último era frequentemente inexistente antes da Revolução Industrial”, explicou a Academia em seu comunicado.
Aghion e Howitt, num artigo de 1992, construíram um modelo matemático para a destruição criativa. Quando um produto novo e melhor entra no mercado, as empresas que vendem os produtos mais antigos perdem.
“De diferentes maneiras, os laureados mostram como a destruição criativa cria conflitos que devem ser gerenciados de forma construtiva. Caso contrário, a inovação será bloqueada por empresas estabelecidas e grupos de interesse que correm o risco de serem prejudicados”, publicou a Academia. “O trabalho dos laureados demonstra que o crescimento econômico não pode ser considerado garantido. Devemos preservar os mecanismos subjacentes à destruição criativa para que não voltemos à estagnação”.
Os ganhadores
Joel Mokyr nasceu na Holanda. Com um ano de idade perdeu o pai e foi criado pela mãe em Haifa, Israel. Graduou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Hebraica de Jerusalém e obteve o mestrado e o PhD em Yale, nos Estados Unidos. É professor da Northwestern University em Evanston, Illinois, nos Estados Unidos, e da Universidade de Tel Aviv, em Israel.
Philippe Aghion nasceu em Paris. Obteve um diploma de estudos aprofundados e um doutorado em Matemática Econômica pela Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne e obteve um PhD em Harvard. Foi professor em diversas instituições – entre elas, Harvard, MIT, Oxford e University College London.
Peter Howitt nasceu em Guelph, Canadá. Graduou-se em Economia pela McGill University, obteve o mestrado pela University of Western Ontario e o PhD pela Northwestern University. É professor da Brown University, tendo lecionado também na University of Western Ontario e na Ohio State University.