Mulheres na economia: grandes nomes, mas reduzida participação

Por Andrea Cabello e Fernando Lima

A maior parte dos estudos sobre a carreira das mulheres economistas tem foco na área acadêmica, dado o viés que essa formação tem em muitos lugares. Estudos de produtividade com ênfase em gênero apontam os efeitos de filhos e de um número reduzido de horas trabalhadas sobre a situação laboral feminina (JACOBSEN, 1994). Entretanto, ainda
que se considere os efeitos tipicamente avaliados pela literatura, a situação das mulheres na carreira de economista ainda seria desfavorável em relação à dos homens, e a diferença, muitas vezes, não é explicada pelas variáveis observáveis, sugerindo a presença de discriminação (GINTHER e KAHN, 2004).

Nos Estados Unidos alguns estudos mostram como, desde a década de 1970, as mulheres têm avançado na área de economia. Entretanto, os dados indicam que ainda há bastante a se fazer para falar em igualdade de fato. Segundo Ginther e Kahn (2004), o número de títulos de Doutor obtidos por mulheres era pouco menos que 10% do total na década de 1970 e chegou a pouco mais de um quarto do total no ano 2000, mantendo-se estável nesse patamar desde então. Em compensação, alguns estudos, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, mostram que mulheres têm menores chances de obter estabilidade na carreira acadêmica (“tenure”) e que as diferenças não seriam totalmente explicadas pelas características observáveis dos professores e professoras (KAHN, 1993; McDOWELL, SINGELL E ZILIAK, 1999, 2001).

Apesar desses avanços, Buckles (2019) usa a expressão “leaky pipeline”, ou cano furado, para descrever a situação das mulheres na economia. À medida que elas avançam na carreira – da graduação até o doutorado e depois na carreira acadêmica – menor é a proporção de mulheres em cada nível.

Os números não são positivos quando comparados com outras áreas do conhecimento. Tanto nas ciências sociais quanto em campos da “hard sciences” como estatística, mulheres teriam uma representação maior entre os recipientes do título de doutor, apesar da economia ainda formar mais doutoras que a engenharia. Além disso, em comparação com outras áreas do conhecimento, o caminho da estabilidade na carreira acadêmica na economia seria mais longo e levaria mais tempo para ser alcançado. (GINTHER e KAHN, 2004).

Para ler a matéria na íntegra, acesse a edição de setembro da Revista Economistas:

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