Reforma tributária, big techs e outros temas: Lacerda participa do Jornal da Cultura

Os gastos dos candidatos com publicidade em mídias sociais também foram tema de uma matéria veiculada no noticiário – e Lacerda chamou a atenção para a influência das grandes empresas de tecnologia

Em meio às movimentações do Congresso Nacional em torno da Reforma Tributária e outras pautas de peso, o conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda compartilhou suas percepções sobre temas econômicos ao participar do Jornal da Cultura. Ele esteve na bancada do noticiário na noite de 29 de outubro comentando as matérias veiculadas.

A tramitação da Reforma Tributária segue em duas frentes no Congresso Nacional. No Senado foi realizada a primeira audiência pública para discutir o projeto de lei complementar que trata do assunto e a Comissão de Assuntos Econômicos apresentou 70 propostas de modificações no texto. Na Câmara seriam votados os destaques do projeto que trata do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Independentemente das alterações, Lacerda acredita que o resultado será um sistema tributário bem melhor do que o atual. “De fato, os detalhes são fundamentais – e, principalmente, as exceções. Cada vez que se abre uma exceção você favorece determinado grupo, mas tende a prejudicar o todo”, comenta o economista. “É importante superar essa fase da reforma tributária, que está basicamente calcada nos impostos indiretos, aqueles que incidem sobre bens e serviços, para podermos ir para a fase seguinte, que ainda não começou a ser debatida profundamente, que é a tributação direta. É o imposto de renda, a tributação sobre lucros e dividendos e outras rendas. Hoje os super ricos pagam menos impostos proporcionalmente do que a classe média, os trabalhadores e os empresários”.

Os gastos dos candidatos com publicidade em mídias sociais também foram tema de uma matéria veiculada no noticiário – e Lacerda chamou a atenção para a influência das grandes empresas de tecnologia.

“É uma influência crescente. Hoje você tem outros canais de comunicação, embora eles por si só não garantam o sucesso daqueles que os utilizam. Isso só consolida e ressalta o papel das chamadas big techs, que são as grandes empresas globais e que controlam essas mídias. São quatro ou cinco grandes empresas globais que têm uma influência muito grande e que praticamente definem as escolhas, e não só no campo eleitoral, mas os padrões de consumo e até de comportamento”, argumentou o economista. “Estamos vivendo um mundo novo que carece de regulação. O que está em jogo, além das Fake News, é o uso de dados pessoais. A regulação de todo este processo tem muito a ver com a questão eleitoral, política, os padrões de consumo e comportamento”.

O Banco Mundial divulgou uma projeção na qual os preços do petróleo devem cair entre 2025 e 2026, atingindo as menores cotações em cinco anos. As causas estariam numa superprodução acima da demanda. Caso esta projeção se confirme, Lacerda a vê como positiva, mas tem dúvidas quanto às premissas utilizadas pelo Banco Mundial.

“Ela está levando em conta que o comportamento da oferta (ou seja, dos produtores) e da demanda vá permanecer no mesmo ritmo atual, o que não necessariamente é verdade, especialmente para o petróleo. É um mercado oligopolizado e cartelizado, a OPEP tem uma influência muito grande sobre a quantidade de oferta e, portanto, sobre os preços”, comentou. “Além disso, quando se faz uma previsão em relação às commodities alimentícias, tenho a impressão de que a crise climática está sendo subestimada. Ela afeta o mundo todo. No Brasil, por exemplo, tivemos enchentes, queimadas, secas. Isso tudo muda o cenário global, tanto do ponto de vista da demanda quanto da oferta, e tudo isso afeta preço”.

Caso as projeções se confirmem, Lacerda vê um efeito positivo. “Mas com as ressalvas que já foram feitas na matéria. Preços internacionais dependem também da taxa de câmbio, que leva em conta outras variáveis. Mas, se isso ocorrer de fato, será positivo para o controle da inflação, embora tenha algum impacto negativo do ponto de vista da receita exportadora”.

 

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