Lacerda: é ilusório tentar obter equilíbrio fiscal cortando gastos e investimentos

Para o conselheiro federal, não há justificativa concreta para elevar os juros e que cada elevação amplia o custo de rolagem da dívida – que foi de R$ 800 bilhões nos últimos 12 meses

O conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda participou de uma matéria publicada na revista Carta Capital, na qual analisou as condições macroeconômicas do Brasil e a exigência por um ajuste fiscal. O texto, assinado por Carlos Drummond e intitulado “Nem migalhas”, aborda o ajuste fiscal e traz o dado de que 92% das despesas são obrigatórias e que metade das despesas discricionárias são as chamadas “emendas pix”. Para Lacerda, não há justificativa econômica concreta para levar à elevação das taxas de juros praticada recentemente: em sua avaliação, o país apresenta sinais positivos.

“Não há respaldo nos dados macroeconômicos de inflação, contas públicas e outros que justifique uma mudança de humor tão aguda como a ocorrida no mercado, puxando para cima as taxas de juros”, comenta o conselheiro federal. Lacerda ressalta que a economia cresce acima das projeções, o desemprego está em queda e a renda, em elevação. Também há aumento na formação bruta de capital fixo e nas reservas cambiais. Mas o economista aponta para o alto custo de rolagem da dúvida pública – mais de 800 bilhões de reais nos últimos 12 meses. E cada vez que a taxa de juros sobe, este custo se amplia.

Para Lacerda, um ajuste fiscal perene só é viável com o crescimento da economia. “Seria ilusório e irreal tentar obter equilíbrio fiscal de curto prazo por meio de corte de gastos e investimentos. Especialmente em um país com tamanha desigualdade regional e de renda como o Brasil”, argumenta o conselheiro federal.

Outros economistas

Outros economistas citados pela reportagem foram Claudio Adilson Gonçalez, José Francisco de Lima Gonçalves e André Roncaglia. O primeiro publicou um artigo no jornal O Estado de S.Paulo no qual menciona que o cerne da crise de confiança está no cenário para os próximos anos, e não nos dados macroeconômicos atuais. Para José Francisco, economista-chefe do Banco Fator, não se trata de cortes, mas de ritmo de crescimento.

Roncaglia, por sua vez, comentou a elevação feita pelo Fundo Monetário Internacional na projeção de crescimento brasileiro para 3%. “Não se trata de uma revisão qualquer de crescimento do País pelo FMI. É o maior ajuste que o Fundo fez, em termos de crescimento, para todos os países que ele acompanha”.

O texto completo da reportagem, disponível para assinantes da revista, pode ser acessado clicando AQUI.