Roda de conversa virtual debateu presença feminina na economia e na ciência

Evento foi uma prévia do II Seminário Nacional da Mulher Economista e Diversidade, que acontecerá nos dias 12 e 13 de setembro, em Belo Horizonte

A Comissão Mulher Economista e Diversidade do Cofecon, coordenada pela conselheira federal Teresinha de Jesus F. da Silva, realizou nesta quinta-feira (21) uma roda de conversa virtual com o tema “Mulheres Economistas, Pesquisadoras, Inovações e Financiamentos”. O evento, que faz parte das atividades de comemoração ao Dia do Economista, foi uma espécie de prévia do seminário que será realizado nos dias 12 e 13 de setembro na cidade de Belo Horizonte, e que já tem inscrições abertas gratuitamente clicando AQUI.

Cinco mulheres de destaque no Sistema Cofecon/Corecons – as conselheiras federais Teresinha de Jesus Ferreira da Silva, Tania Cristina Teixeira, Maria do Socorro Erculano de Lima e Ana Cláudia Arruda, além da presidente do Corecon-MG, Valquíria Aparecida Assis – falaram sobre a participação feminina na área de economia, a necessidade de mais mulheres em pesquisa e inovação e as suas próprias experiências, além de abordarem o seminário. A roda de conversa pode ser assistida clicando AQUI.

II Seminário Nacional

“O primeiro seminário foi realizado em Brasília (em 2023) e foi o maior sucesso. Temos que buscar outras sedes para poder diversificar, dinamizar e fortalecer a busca da inserção da mulher no mercado de trabalho”, apontou a conselheira coordenadora da Comissão, Teresinha de Jesus Ferreira da Silva. “Belo Horizonte é uma grande capital, que tem um número grande de economistas e o Corecon-MG é dirigido por esta mulher guerreira que é a Valquíria Assis. Vamos fortalecer o pensamento e a vontade das mulheres de querer entender economia, cursar economia e ter uma melhor inserção neste mercado de trabalho”.

Em relação ao tema, Teresinha ressaltou que é uma das novidades do evento. “Sairemos da economia dos cuidados e passaremos para outras áreas, como a tecnologia e a inovação, mostrando que a mulher tem possibilidades e pode estar onde ela quiser”, explicou. “Com este trabalho que estamos fazendo, queremos chegar ao dia em que não teremos mais que dizer que nossa participação é mínima”.

Valquíria Assis, presidente do Corecon-MG, celebra o fato de ter dois dias de evento. “No dia 12, quinta-feira, teremos uma mesa de abertura com um debate muito enriquecedor. No dia seguinte realizaremos quatro mesas de debates dentro da temática proposta”, comentou. “A economia está mudando, está cada vez mais digital, com a tecnologia entrando no nosso dia a dia. São poucas as mulheres que estão fazendo essa discussão e é importante colocá-las em destaque quando se discute inovação e tecnologia”.

Ela mencionou o programa Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo federal com a intenção de fomentar uma neoindustrialização no País. “Com ele, vêm novas tecnologias e inovações, e vemos a necessidade de participação da mulher nessas discussões”, argumentou Valquíria. “O nível de mulheres que estão na liderança no campo das ciências é muito pequeno, ainda representa 5 a 10%”.

Já Ana Cláudia Arruda exaltou o local em que o seminário será realizado. “Faremos essa discussão dentro de uma universidade que é referência no Brasil. A ciência é um espaço de poder importante e a economia é uma ciência que foi pensada por homens para uma sociedade dirigida por homens”, apontou a economista. “Na graduação, no mestrado e no doutorado a participação feminina é de 35 a 40%, e no Brasil temos um problema ainda maior, que é a apropriação dos recursos. Nas bolsas de produtividade do CNPq, no último nível a presença feminina é de apenas 27%. As bolsas de financiamento estão nas mãos dos homens brancos que tiveram tempo de se preparar”.

A economista destacou a necessidade de mulheres na ciência econômica para a transformação da sociedade. “Temos que garantir o lugar da mulher. As mulheres têm que seguir nesse caminho, se elas se identificarem com a Academia ou com a atividade técnica. A popularização da ciência econômica é muito importante, ela transforma muito a sociedade e precisa de mulheres que transformem a sociedade”, afirmou Ana Cláudia.

A conselheira federal Tania Teixeira destacou que a mulher precisa ocupar esses espaços de discussão. “Ela tem que se colocar e apontar os problemas, trazer os indicadores negativos para suscitar o debate na sociedade”, comentou. “Falamos sobre a ganhadora do Prêmio Nobel, Claudia Goldin, e isso chama tanto a atenção porque somos poucas que temos este lugar. A iniciativa do Sistema Cofecon/Corecons de criar um espaço de discussão é muito oportuna. A desigualdade de gênero perpassa as relações familiares, de trabalho e dos lugares onde as inovações são pensadas”.

Tania observa um crescimento no número de mulheres que ingressaram na carreira de economia. “Quando elas entram no serviço público, por exemplo, que em tese tem isonomia salarial e não pode discriminar gênero, em certo momento ela pode até ganhar o mesmo salário que o homem, só que não consegue galgar os postos de direção mais bem remunerados”, explicou. “Atribuía-se isso à licença maternidade ou ao fato de a mulher ser multifuncional. Há muitas mulheres na direção de cursos, mas poucas diretoras de faculdade ou reitoras. E na iniciativa privada os setores que empregam muitas mulheres são sexistas. Querem a mulher, mas dentro de um padrão, e geralmente não pagam com os salários mais altos”.

“O diálogo é fundamental na proposta que estamos levando para Belo Horizonte. Será um diálogo com a Academia, com os estudantes e com a sociedade”, acrescentou a conselheira Maria do Socorro Erculano. “A mulher precisa entrar para estas novas áreas, como a inteligência artificial. Vejo muito oportuno este debate sobre como a mulher economista vai atuar melhor neste mercado de trabalho que ainda é muito masculino”.

“Como economista e mulher na área de planejamento, enfrentamos desafios e barreiras. Há discriminação, falta de participação, de representatividade de mulheres em cargos de liderança”, contou Socorro. “Minha experiência sempre foi na área de planejamento no setor público. Essa perspectiva diversa que a mulher tem no planejamento possibilita criar soluções mais efetivas para a sociedade. A mulher, ao formular políticas, sempre tem a tendência a ter uma visão mais holística e pensar na inclusão”.

Programação do II Seminário Nacional

Quinta-feira, 12/09

18:00 a 19:00 – Mesa de abertura: O futuro do desenvolvimento brasileiro e as novas tecnologias

Palestra Magna: Econ. Helena Maria Martins Lastres (UFRJ)

Comentários: Conselheira federal Teresinha de Jesus F. da Silva, Valquíria Assis, presidente do Corecon-MG; e Carolina Rocha Batista, vice-presidente do Corecon-MG

Sexta-feira, 13/09

09:00 a 10:30 – Mesa 1: As mulheres, a tecnologia e o futuro do trabalho
Palestrantes: Ana Maria Hermeto Camilo de Oliveira (UFMG), Lucia dos Santos Garcia (Dieese), Marilane Oliveira Teixeira (Unicamp).

Mediadora: Andrea Prodohl (Vice-presidente do Corecon-PR)

Comentarista: Eulália Alvarenga (ABED)

10:30 a 12:00 – Mesa 2: As mulheres economistas na análise da economia mundial
Palestrantes: Ana Cláudia Arruda (Conselheira federal e vice-presidente do Corecon-PE), Débora Freire (UFMG), Luciana Acioly (Presidente do Corecon-DF), Simone Silva de Deos (Unicamp)
Mediadora: Maria de Fátima Miranda (Conselheira federal)
Comentários: Mônica Beraldo (Conselheira Federal)

14:00 a 15:30 – Mesa 3: Lugar de Mulher é na ciência, tecnologia, inovação
Palestrantes: Tania Teixeira (Conselheira Federal e vice-coordenadora da Comissão Mulher Economista e Diversidade do Cofecon), Márcia Rapini (UFMG), Érika de Andrade S. Leal (Vice-presidente do Corecon-ES), Juliana Duffles Donato Moreira (Corecon-RJ)

Mediadora: Beatriz Cavalcante

Comentários: Teresinha de Jesus Ferreira da Silva (Conselheira Federal e coordenadora da Comissão Mulher Economista e Diversidade do Cofecon)

15:30 a 17:00 – Mesa 4: Tecnologias inovadoras que empoderam mulheres empreendedoras
Palestrantes: Adriana Brito (Rede de Economistas Pretos e Pretas), Isabel de Cássia Ribeiro (Presidente do Corecon-BA)

Mediadora: Josélia Souza de Brito (Conselheira Federal)

Comentários: Kerssia Preda Kamenach (Conselheira Federal)

I Seminário Nacional ocorreu em Brasília

No ano passado ocorreu a primeira edição do Seminário Nacional da Mulher Economista. O evento foi realizado na Universidade de Brasília e contou com a participação da ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, economista Esther Dweck (assista AQUI), na qual ela falou sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho, que acontece com maior peso nas áreas de cuidados ou de serviços sociais. A ministra também mencionou que a desigualdade salarial entre homens e mulheres é bastante maior no Brasil do que na média dos países da OCDE.

Na mesma semana de realização do seminário, a Real Academia Sueca de Ciências divulgou o nome da economista Claudia Goldin como ganhadora do prêmio Nobel de Economia de 2023 por seus estudos sobre as mulheres no mercado de trabalho. Dessa forma, os debates ocorreram num momento bastante oportuno, quando o tema estava colocado em evidência.