XXXII ENE – Bruno Cruz: “Desigualdade regional é alta e persistente”

União Europeia recomenda que regiões com menos de 75% do PIB per capita nacional sejam foco de políticas regionais. “Todos os estados do Nordeste estão abaixo deste patamar”, aponta economista

Será que as políticas necessárias para o crescimento de um país têm um funcionamento adequado sem um recorte regional? Esta foi o tema do trabalho apresentado pelo economista Bruno Cruz, no qual realizou simulações com diferentes cenários para verificar como eles afetariam o crescimento do Brasil e do Nordeste. Mesmo na simulação com ganhos de produtividade, nenhum estado da região chegou ao objetivo de 75% do PIB per capita nacional. A palestra de Bruno no XXXII Encontro de Entidades de Economistas do Nordeste pode ser assistida clicando AQUI.

Fizemos um trabalho levando em conta políticas de desenvolvimento sem nenhum foco regional. O principal resultado é que mesmo com as regiões periféricas crescendo acima da média nacional, a convergência para a renda média brasileira é muito lenta. A desigualdade regional não é apenas alta, mas também persistente”, apontou Cruz.

O que explica a desigualdade regional? “Lugares com dotação natural, melhores solos, acesso a portos, essas são explicações geográficas. No nosso caso, um processo de colonização com escravidão e uma economia exportadora concentrando as atividades no litoral”, explicou o economista. “A partir do Século XIX tem o café e a industrialização gerando os efeitos de aglomeração, fazendo com que a economia do Sudeste tivesse um crescimento muito maior”.

O trabalho realizado por Bruno Cruz teve quatro cenários-base: manter a economia como está; aumentar a produtividade; um cenário de combate às desigualdades de renda interpessoais; e um cenário combinado de políticas de melhoria da produtividade e combate às desigualdades. “A União Europeia tem uma medida de que uma região com 75% do PIB per capita nacional seria uma região foco de política regional. Todos os estados do Nordeste estão abaixo deste limite. Mesmo no cenário de maior crescimento, os níveis de desigualdade inter-regional são mantidos”, apontou o economista. “Mesmo com ganhos de produtividade, nenhum estado do Nordeste chegaria no objetivo de 75% do PIB per capita. Então é preciso ter algum viés de política regional para conseguir melhorar o crescimento”.

Bruno de Oliveira Cruz é economista graduado pela Universidade de Brasília, com mestrado em economia pela mesma instituição e doutorado pela Universidade Católica de Louvain. É técnico de pesquisa e planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.