Lacerda: “Pressão por elevação dos juros carece de fundamentos”

Economista falou ao Correio Braziliense em matéria publicada na última segunda-feira (16). Nesta quarta (18) o Banco Central subiu a taxa de juros para 10,75%

O conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda falou ao jornal Correio Braziliense sobre a política monetária em curso no Brasil. Em entrevista publicada na última segunda-feira (16), o economista comentou a expectativa de alta nos juros (que acabou se confirmando nesta quarta-feira) e seus efeitos sobre a economia.

“Juro mais elevado ainda vai prejudicar o crescimento econômico, aumentar o custo de rolagem da dívida pública e provocar valorização artificial da taxa de câmbio, o que desfavorece a retomada industrial e as exportações de manufaturados”, afirmou o economista ao jornal.

Questionado se o Banco Central havia antecipado a queda dos juros e agora estaria antecipando a alta, o economista argumentou que não. “Não vejo que o BCB tenha antecipado a queda da taxa de juros, mas seguido a tendência da inflação em queda. Tanto é que o juro real (Selic x expectativa de inflação para os próximos 12 meses) permaneceu sempre acima de 6% ao ano, uma das mais elevadas do mundo”, comentou Lacerda. “A pressão por elevação dos juros, agora, carece de fundamentos. As pressões decorrentes da crise climática e outras não são de demanda. Além disso, há uma clara perspectiva de queda do juro norte-americano. Aliás, o Banco Central já cometeu este mesmo erro entre o fim de 2008 e o início de 2009, quando o mundo diminuía juros com a crise do subprime e o Brasil os aumentava, importando, com isso, uma crise maior do que seria com juros ajustados”.

A política fiscal também foi abordada pelo conselheiro federal. “Não julgo a política fiscal expansionista, mas fomentadora da atividade econômica. Os riscos de eventual desequilíbrio entre oferta e demanda estão amenizados pela recente elevação dos investimentos, a formação bruta de capital fixo. Uma eventual alta dos juros também abortaria este tênue movimento de elevação de investimentos”.