XXXII ENE – Jorge Jatobá: “Nordeste pode contribuir de várias formas com o desenvolvimento brasileiro”

Potencial energético, dinamismo das cidades médias, diversificação produtiva e melhoria na educação trazem ganhos econômicos para a região; fim dos incentivos fiscais traz desafio na atração de empresas

O Nordeste geralmente é visto como uma região de pobreza e desigualdade, mas ela também possui uma série de potencialidades econômicas. Em seu interior, cidades de médio porte trazem dinamismo e desenvolvimento para a economia, mas ainda é preciso fazer mais. Estas observações foram trazidas pelo economista Jorge Jatobá na palestra de abertura (assista AQUI) do XXXII Encontro de Entidades de Economistas do Nordeste (ENE), realizado em João Pessoa nos dias 24 e 25 de maio.

Jatobá iniciou sua fala com um panorama da região. “O Nordeste deve ser visto de uma maneira diferente. Não como aquela região cheia de oligarcas, pobre, muito desigual, mas como uma região que tem uma grande potencialidade, tem condições de contribuir para o desenvolvimento brasileiro de várias formas. Tem também muita desigualdade, mas temos que olhar para os ativos que a região possui”, pontuou. “No passado reclamávamos quando o sol assolava o sertão nordestino com secas implacáveis. Hoje nós estamos usando para gerar energia solar. Há 52 cidades dinâmicas no interior, de médio porte, polos de irradiação econômica social, centros de prestação de serviços, de educação, de saúde”.

“O Nordeste deve ser visto de uma maneira diferente. Não como aquela região cheia de oligarcas, pobre, muito desigual, mas como uma região que tem uma grande potencialidade, tem condições de contribuir para o desenvolvimento brasileiro de várias formas. Tem também muita desigualdade, mas temos que olhar para os ativos que a região possui”, pontuou Jorge Jatobá.

A economia do Nordeste tem visto o surgimento de indústrias em áreas como alimentos e bebidas. “Com o surgimento de novas indústrias, passamos a exportar e importar outros bens, mas a região continua deficitária”, analisou. “Em toda a região há cidades que cresceram, se diversificaram, ampliaram e viraram polos de irradiação de desenvolvimento, prestadores de serviços de saúde, formadores de gente de nível superior, com universidades federais e estaduais. O legado disso é um grande contingente de gente jovem que não precisa mais migrar para poder viver”.

Jatobá apontou que para interiorizar o desenvolvimento é fundamental concluir dois trechos da ferrovia Transnordestina e enfatizou a necessidade de aumentar a inclusão digital. “A digitalização é irreversível. Ou capacitamos estas pessoas para lidar com este mundo, ou elas concluirão o ensino médio sendo incapazes de gerar renda”, afirmou. E concluiu com uma observação acerca do fim dos incentivos fiscais: “Será preciso investir na infraestrutura, na força de trabalho e na capacidade de inovar para reduzir este hiato competitivo e atrair empresas de fora”.

“A digitalização é irreversível. Ou capacitamos estas pessoas para lidar com este mundo, ou elas concluirão o ensino médio sendo incapazes de gerar renda”.

Jorge Jatobá é economista pela Universidade Federal de Pernambuco, mestre e doutor em economia pela Universidade Vanderbilt. Foi secretário de Políticas de Emprego e Salário no Ministério do Trabalho e secretário da Fazenda no estado de Pernambuco. É diretor da Ceplan consultoria.