XXXII ENE – Adriana Melo Alves: “Política industrial precisa ter metas regionalizadas”

Secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial defendeu a reativação das políticas de base territorial e afirmou que precisamos de um modelo mais sustentável das atividades econômicas

A secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Adriana Melo Alves, realizou a segunda palestra de abertura do XXXII Encontro de Entidades de Economistas do Nordeste, na noite de 24 de maio. Ela defendeu a reativação das políticas de base territorial e colocou a informalidade como um dos principais entraves para a economia da região. A palestra pode ser assistida clicando AQUI.

Adriana iniciou sua fala trazendo a Política Nacional de Desenvolvimento Regional, instituída em 2007. “Ela sofreu percalços porque dois importantes alicerces se frustraram: não se faz uma política assim sem uma governança forte; e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional foi inserido no bojo de uma reforma tributária que não avançou”, comentou. Ela também apontou que o crescimento de países como Índia e China tem rebatimentos no nosso desenvolvimento regional. “O mercado de consumo destes países tem demandado do Brasil uma produção crescente de commodities, e acaba estimulando o mercado brasileiro no sentido de uma especialização regressiva”.

“Ela sofreu percalços porque dois importantes alicerces se frustraram: não se faz uma política assim sem uma governança forte; e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional foi inserido no bojo de uma reforma tributária que não avançou”, comentou Adriana Melo Alves.

Adriana também defendeu a reativação das políticas de base territorial. “Não podemos considerar que haja uma política industrial brasileira cujas metas não sejam regionalizadas. A PNDR foca nas macrorregiões em desenvolvimento, olha para as áreas que estão muito dependentes de commodities e precisam agregar valor”, observou. “A leitura do território a partir do seu bioma diz muito sobre as possibilidades latentes ainda não exploradas. O Nordeste tem a mata atlântica, a caatinga, o cerrado e também a Amazônia no oeste do Maranhão. Precisamos de um modelo mais sustentável das atividades econômicas”.

“Não podemos considerar que haja uma política industrial brasileira cujas metas não sejam regionalizadas. A PNDR foca nas macrorregiões em desenvolvimento, olha para as áreas que estão muito dependentes de commodities e precisam agregar valor”, observou.

Ela também apontou para o interior do Nordeste como uma área repleta de oportunidades, mas com alto nível de informalidade. “O setor da ovino e caprinocultura é um exemplo: a maior produção está no Nordeste, no semiárido, mas em Fortaleza se come a carne de cordeiro vinda do Uruguai e não do semiárido”, lamentou. “Precisamos fortalecer a indústria associada ao complexo econômico industrial da saúde nas regiões. Temos todo o potencial. Se pensarmos nos produtos homeopáticos, fitoterápicos, óleos essenciais, a caatinga é um berço de oportunidades”.

Adriana Melo Alves é graduada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de Alagoas, com mestrado em planejamento urbano e doutorado em geografia. É servidora pública federal e secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.