Artigo – Reverter a desindustrialização brasileira
Leia o artigo do conselheiro federal Lauro Chaves Neto publicado nesta segunda-feira (1º/04) no jornal O Povo
A queda no ritmo de crescimento da economia brasileira nas últimas décadas tem entre as suas principais causas o processo de desindustrialização precoce.
De 2008 a 2018, a participação da indústria de transformação na economia caiu de aproximadamente 17% para quase 12%, patamar que se estabilizou e significa 20% a menos do que o registrado em 1999.
A análise histórica evidencia que a melhoria na qualidade de vida com o desenvolvimento econômico, na maior parte das vezes, esteve relacionada com a elevação da participação da indústria de transformação no PIB e na geração de empregos.
O processo de desindustrialização de países de renda alta, como os EUA e os da Escandinávia, por exemplo, tem outra natureza, pois, a partir de um patamar elevado de renda, existe uma diversificação da estrutura de consumo das famílias na direção de serviços, cultura, entretenimento, e passa a existir uma redução “natural” da participação da indústria de transformação no PIB, podendo esse processo ser retardado com o crescimento das exportações industriais, principalmente com avanços e inovações tecnológicas.
Em outra direção, a desindustrialização precoce ou prematura, como a do Brasil, ocorreu antes de ser alcançado o patamar de elevado nível de renda e qualidade de vida. Ao contrário, verificam-se ainda bolsões de pobreza extrema e acentuadas desigualdades sociais e territoriais.
Reverter essa desindustrialização no Brasil requer uma efetiva articulação do poder público, do setor produtivo e da academia, a conhecida tríplice hélice. A nova política industrial é um alento nessa direção, porém precisa ser efetivamente implantada e sair do discurso.
Inserir a indústria brasileira nas cadeias globais de valor é uma condição necessária, embora não suficiente, para isso. Sendo importante a criação de ecossistemas de inovação, racionalização tributária, economia circular, transição energética, infraestrutura adequada, transformação digital e oferta de crédito, dentro de uma matriz que contemple tanto o desenvolvimento territorial como o setorial, integrando recursos, potencialidades e vantagens competitivas.
Artigo publicado originalmente no jornal O Povo. Publicação original, disponível para assinantes, pode ser acessada AQUI.