As incertezas da política econômica
O Ministro Haddad foi feliz quando afirmou que a Política econômica é uma só, composta pelas Políticas Monetária, Fiscal, Cambial e de Rendas que são interligadas e se influenciam mutuamente.
Quando estudamos economia, aprendemos que as expectativas representam umas das principais variáveis para a elaboração de cenários, e que os agentes econômicos sempre reagem, ou para influenciar ou para se defender.
A geopolítica internacional tem deteriorado as suas expectativas. O cenário para as principais economias não é dos melhores, com a Europa indo para uma recessão e a China tentando reverter a possibilidade de um crescimento menor. Mesmo para os EUA, com recentes resultados positivos, os cenários elaborados têm variado bastante.
A campanha eleitoral nos EUA, as Guerras na Ucrânia e em Israel, além do receio de algum conflito em Taiwan, elevaram a percepção de risco, o que traz uma preocupação crescente com os seus impactos na inflação e no crescimento no mundo.
Se as questões externas já são preocupantes, o enfraquecimento do arcabouço fiscal, com o aumento das chances de mudança da meta fiscal, coloca em dúvida a evolução da conjuntura positiva de 2023 com crescimento da atividade acima do esperado, redução da inflação e ciclo de queda dos juros.
Já no primeiro ano da nova regra fiscal, teríamos uma alteração na meta visando reduzir o contingenciamento orçamentário, sinalizaria que qualquer comprometimento com as metas futuras passaria a ter a credibilidade de um risco n’água.
O próprio arcabouço é enfraquecido, já que, se não há empenho com as metas, o mesmo deve valer para o cumprimento do limite de crescimento real das despesas, estabelecido com a nova regra fiscal.
As recentes declarações do Presidente Lula sobre a meta de zerar o déficit primário, proposta pelo seu próprio governo, já impactou a curva de juros futuros e às expectativas. A política fiscal afeta as decisões sobre os juros básicos, tanto pelos seus impactos na demanda agregada como pela sua influência na percepção do risco, impactando também a política cambial, as expectativas de inflação e a Política de Rendas.
*Lauro Chaves Neto – Professor da UECE, Conselheiro Federal de Economia e Assessor Econômico da FIEC.