Por uma nova Política Econômica para a Bahia
Por Gustavo Casseb Pessoti, conselheiro federal e presidente do Corecon-BA
Diferente do que algumas pessoas acreditam, a Economia não é uma ciência exata, identificada única e exclusivamente com equilíbrio fiscal ou com os recursos monetários escassos para necessidades ilimitadas. Os economistas são cientistas sociais, identificados com o desenvolvimento humano e social e com a erradicação da pobreza através de políticas públicas especialmente criadas para esse propósito. De modo que a economia, em qualquer abordagem teórica ou na avaliação das suas consequências, nunca estará dissociada de juízo moral.
Nós do Conselho Regional de Economia da Bahia ficamos bastante entusiasmados com o alinhamento do discurso entre o Governo do Estado e o Governo Federal empossados em 2023, que afirmaram ser prioridade acabar com a fome e a insegurança alimentar no Brasil e na Bahia. Políticas sociais são imprescindíveis e uma condição necessária para o desenvolvimento socioeconômico em sentido lato.
No entanto, políticas sociais assertivas não prescindem da necessidade de políticas econômicas e de arcabouço institucional, capazes de aumentar o dinamismo da economia baiana, reativar os setores produtivos e melhorar o ambiente de negócios (inclusive internacionais) do estado. Tomando como referência a parte mensurável da ciência econômica, os modelos estatísticos mostram que, em um ambiente marcado pelas desigualdades sociais, existe uma correlação forte entre o crescimento econômico, a criação de empregos e a melhoria na geração e distribuição de renda entre as pessoas, desde que associado a políticas públicas assertivas e uma institucionalidade estimuladora do desenvolvimento.
Não podemos apenas olhar para o passado! Mas ele não pode ser desconsiderado para a elaboração de políticas econômicas mais robustas, que sejam capazes de reverter o quadro do baixo crescimento da economia baiana na década de 2011-2020. Precisamos menos de aspectos conjunturais (que, tenho certeza, serão melhores a partir de agora) e mais de investimentos portadores de um novo futuro para o estado, que sejam capazes de uma transformação radical na estrutura produtiva da Bahia, ou seja, na composição orgânica do capital instalado, com efeitos multiplicadores também para o interior do estado.
O Corecon-BA se coloca à inteira disposição do novo governador para debater, contribuir e realizar reflexões necessárias para uma nova agenda de políticas econômicas para a Bahia durante o quadriênio 2023-2026. Desenvolvimento econômico e desenvolvimento social devem andar de mãos dadas. Ao lado das conquistas sociais, precisamos melhorar a competitividade da economia, ser mais agressivos na efetivação de investimentos infraestruturais e produtivos para adensar, diversificar e descentralizar a nossa matriz produtiva, elementos centrais para um novo ciclo de crescimento da economia baiana.
(Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde de 16/01/2023)