Lacerda: “Reindustrialização é fundamental para o País”
O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, participou na última sexta-feira (09) do programa TV GGN 20 Horas, transmitido via YouTube por meio do canal TV GGN. Ele foi convidado pelo jornalista Luís Nassif para falar sobre o livro Reindustrialização, que teve seu lançamento na segunda-feira seguinte (12). A obra é organizada por Lacerda e conta com vários artigos dos quais é autor ou coautor, além de textos de professores e alunos do Grupo de Pesquisas em Política Econômica e Desenvolvimento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
“A reindustrialização é fundamental para o País. Estamos animados com a recriação do Ministério da Indústria e Comércio, que é onde se encaixa a questão”, comentou Lacerda. “O Brasil tem um DNA de indústria, ainda é o maior parque industrial da América Latina e pode se requalificar. Isso não ocorre automaticamente. É preciso uma atuação inteligente do estado, regulação e políticas industriais modernas para induzir o setor privado a criar valor.”
O presidente do Cofecon vê na reindustrialização uma grande oportunidade para o Brasil realizar a transição digital e a transição energética. “Há uma oportunidade para o resgate destas funções públicas, o papel do estado, do planejamento, do futuro Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (que não necessariamente terá esse nome), de elaborar políticas que levem em conta as melhores práticas internacionais para recriar a industrialização, uma indústria nova, que abranja a questão da indústria 4.0, a nanotecnologia, a internet das coisas, o 5G, de modo a transformar tudo isso em geração de valor, criando empregos de qualidade e gerando renda para o Estado”, discorreu Lacerda.
Ao discutir a financeirização da economia, o presidente do Cofecon lembrou que quem trabalha com a economia real sabe que “o tomador de decisões não fica olhando a bolsa de valores para escolher a localização de um investimento, muito menos o comportamento do dólar no curto prazo. É o conjunto da obra, as políticas, perspectivas de crescimento, papel do Estado”, argumentou. “Estamos no menor nível de investimentos da nossa história, especialmente no setor público. O teto de gastos é insustentável, terá que mudar e em cima da PEC da Transição será criado um novo arcabouço fiscal.”
Outro tema que entrou no debate foram as empresas que deixaram o Brasil. “Keynes já ensinava que o que move os investimentos produtivos é a expectativa da demanda, você espera que a economia cresça e que as pessoas comprem. E segundo, a rentabilidade marginal do capital, que é a taxa de lucro”, pontuou. “Estes dois vetores, mais um ambiente favorável, podem recuperar o Brasil e o Banco Central tem um papel muito relevante neste processo. Temos uma meta de inflação absolutamente irrealista e o Brasil é o país que mais aumentou os juros num prazo curto. Custa muito caro financiar a dívida pública.”
O Brasil vive uma crise cujos resultados são 33 milhões de pessoas em situação de fome e 24 milhões de pessoas foram do mercado de trabalho. “A despeito das dificuldades inegáveis que há no quadro internacional e no comércio, é plenamente possível a superação. Não ocorre de forma automática, mas mediante políticas indutoras”, afirma Lacerda.
O presidente do Cofecon também abordou o trabalho realizado na equipe de transição do novo governo. “Estou no grupo de Planejamento, Orçamento e Gestão e nesta semana concedemos uma coletiva apontando alguns dados. O Brasil deve cinco bilhões de reais a organismos multilaterais. Significa que o governo atual não dá importância a estes órgãos que são importantes para sua internacional”, questionou. “Nas equipes de transição nós temos recebido apoio técnico de servidores de carreira. Gente com grande experiência no setor público. Há um ânimo evidente porque eles estão sendo ouvidos e revalorizados, porque muitas destas funções se perderam.”
A transmissão pode ser assistida clicando AQUI.