Durante apuração dos votos, Lacerda comenta economia
O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, participou no último domingo (02) do programa De Olho no Voto, veiculado pela TV Cultura durante a apuração dos votos em todo o Brasil. Ele esteve no estúdio entre as 19 e as 20 horas comentando temas econômicos e os próprios resultados da apuração.
“Estamos diante de uma decisão muito importante para o País e uma perspectiva de mudança de rumos. Economicamente, todos sabem dos grandes problemas que afligem o Brasil. O principal deles é aquele ligado à vida das pessoas”, argumentou Lacerda. “Nos vemos às voltas com 33 milhões de brasileiros passando fome e mais de 100 milhões em insegurança alimentar. A economia não cresce, estagnada em termos per capita, e a expectativa é de uma mudança de rumos que possa trazer de volta o crescimento e o desenvolvimento econômico”.
A respeito da campanha eleitoral, o presidente do Cofecon comentou que houve pouco espaço público para a discussão de propostas, até mesmo em função do calendário apertado. “Há uma questão fundamental que é definida no âmbito do parlamento, que é o teto de gastos, que na prática foi derrubado no governo Bolsonaro por motivos ‘pouco republicanos’, já que a eficiência e a eficácia no uso do recurso público foram muito questionáveis”, criticou. “Resgatar a função pública do Estado, do parlamento, das instituições, é algo que vai além da economia, mas que também tem a ver com economia. Se não houver estabilidade, previsibilidade e credibilidade não se consegue criar um ambiente favorável à realização de investimentos e, portanto, à criação de empregos e ampliação da renda”.
Para Lacerda, a economia é o principal fator do debate político que deveria ocorrer, mas a área social também é importante. “Não a área social conduzida por programas eleitoreiros, de duração limitada, mas por programas permanentes, estruturantes, já que o Brasil é um país historicamente desigual”, pontuou. “Não há precedente de um país com as nossas dimensões com uma desigualdade regional e de renda tão grande. Tudo isso tem que ser enfrentado e pressupõe medidas econômicas e escolhas que são fundamentais, decididas na política, daí a importância do momento que vivemos”.
O presidente do Cofecon fez uma crítica à condução da economia no governo de Jair Bolsonaro. “Apequenou a função da política econômica ao juntar funções que eram bem claras, como Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio, Trabalho e Emprego num único ministério da Economia, que não tem braços e estrutura para fazer frente aos desafios que se apresentam para o Brasil”, expôs Lacerda. “O debate que precisa ser colocado para a sociedade brasileira é sobre qual é o papel do Estado, a importância do financiamento, do setor privado, dos trabalhadores, dos empresários e da sociedade como um todo nesta nova configuração de política econômica, que tenha como objetivo a melhora da qualidade de vida de todos nós”.
Por fim, o economista abordou a questão do desemprego. “Oficialmente atinge cerca de 10 milhões de pessoas, mas este número esconde dois dados relevantes: o desalento, que são as pessoas que deixaram de procurar emprego e saem da estatística, e são cerca de 5 milhões; e a subocupação, que atinge cerca de 9 milhões de pessoas que não trabalham tanto quanto poderiam ou gostariam”, discorreu Lacerda. “São cerca de 24 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Do ponto de vista social é uma tragédia, e do ponto de vista econômico é um desperdício, porque um quarto da população economicamente ativa está sendo desperdiçada. Precisamos recriar as condições para que estas pessoas voltem a exercer seu papel social, trabalhar, empreender e fazer parte do processo para que todos se beneficiem”.
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