Ana Claudia Arruda: “combate à fome é a agenda mais urgente”
A conselheira federal Ana Claudia Arruda foi entrevistada no último domingo (02) durante a transmissão via YouTube realizada pela agência Radioweb sobre a cobertura das eleições. Ela abordou as prioridades econômicas do vencedor da eleição presidencial deste ano, que terá mandato entre 2023 e 2026. O vídeo com a participação da conselheira pode ser assistido clicando aqui.
O quadro econômico para o próximo ano tem uma economia global em desaquecimento e uma pressão do funcionalismo por reajustes. Além disso, os dois candidatos que avançaram ao segundo turno prometem um auxílio de 600 reais. “O ajuste fiscal deve ser uma prática de qualquer governo e é uma grande responsabilidade manter a economia equilibrada com estabilidade macroeconômica”, pontuou Ana Claudia. “Será preciso encontrar formas de negociar com o Congresso para encontrar estes recursos. Hoje a variável de ajuste tem ocorrido sobre os investimentos, cuja contração impede o crescimento da economia. Precisamos do crescimento para fazer recursos, criar fontes tributárias e arrecadação.”
Para a conselheira, é preciso também construir um pacto político e social para que o ajuste fiscal seja construído sem deixar de lado a responsabilidade social. “Estamos num momento muito grave. Hoje a preocupação dos brasileiros é com desemprego e inflação, por isso precisamos construir um pacto dando conta de todas as questões que o Brasil precisa”, comentou a economista. “Precisamos de muita concertação entre os poderes e a sociedade. O Brasil é um país rico em recursos e capacidade técnica e tem condições de construir este caminho.”
Outro tema abordado na entrevista foi o teto de gastos e Ana Claudia defendeu uma revisão da regra. “Ele já foi furado em vários momentos durante este governo. Deve ser criado um novo arcabouço fiscal para dar conta do projeto de Brasil que a sociedade demanda. Está muito clara a rejeição do modelo econômico e a necessidade de um novo projeto de futuro”, argumentou a conselheira. “Quando analisamos o teto de gastos, o que foi impactado? Os investimentos para a população brasileira. As obras de infraestrutura, que estão paradas, e os gastos em saúde e educação são alavancadores do crescimento econômico.”
Para Ana Claudia, a questão econômica mais grave que há no Brasil, hoje, é a fome. “A inflação hoje tem previsão de queda, mas em função de uma medida artificial. Quando vemos o IPCA-15, vários itens tiveram recomposição de preços, como passagens aéreas, seguros de saúde e alimentos”, explica. “Nossa inflação é fundamentalmente de alimentos, provocada por uma política econômica que visa fortemente o mercado exportador. Temos projeções futuras de inflação de alimentos alta, e o consumidor que ganha de 1 a 2 salários mínimos sentirá muito este aumento. A ação mais urgente do próximo presidente é retomar a agenda de políticas públicas para um plano nacional de segurança alimentar, um mutirão contra a fome, uma ação de curtíssimo prazo, porque hoje há mais de 33 milhões de pessoas passando fome. Esta é a agenda mais urgente do País.”