O novo papel da Petrobras em um governo Lula, segundo economista do PT
Matéria publicada originalmente na Carta Capital, sobre as propostas apresentadas durante o Seminário de Assessores Econômicos dos Presidenciáveis 2022, realizado pelo Cofecon, Corecon-DF e Fórum pela Redução da Desigualdade Social, em 15 de setembro.
Guilherme Mello, que assessora a campanha do petista, criticou a solução de Bolsonaro para a redução dos combustíveis e defendeu um novo modelo de atuação da petroleira.
O economista Guilherme Mello, que assessora a campanha do ex-presidente Lula (PT), afirmou nesta quinta-feira 15 que um possível governo do petista a partir de 2023 buscará retomar o protagonismo da Petrobras na economia brasileira.
Mello participou em Brasília de um seminário com assessores econômicos dos candidatos à Presidência para apresentar os programas de governo. O evento evento é organizado pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) e Fórum Nacional pela Redução da Desigualdade.
” A Petrobras hoje se tornou uma empresa exportadora de petróleo cru”, disse o professor da Unicamp, que prosseguiu: “[isso] quando até as grandes empresas privadas de petróleo estão cada vez mais se tornando empresas de energias renováveis. Estamos ficando no passado”.
Sobre o financiamento da empresa, Mello defendeu que uma parte do lucro da empresa seja destinado a investimentos em pesquisas.
“A Petrobras é líder em lucro global”, disse. “Ela precisa vai continuar financeiramente sadia, mas que redireciona parte significativa em reivestimento em pesquisa, inovação e em áreas que vão garantir a soberania energética”.
Além de um papel voltado para buscas de novos modelos energéticos sustentáveis, o economista defendeu que a petroleira atue para evitar que os preços dos combustíveis sofram com os choques externos.
“Não é tirando do ICMS dos governadores e quebrando o financiamento da Saúde, da Educação e da Segurança Pública nos estados que se resolve o problema”, declarou em referência à medida do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Além de uma empresa de energia, será um instrumento de gerenciar choques de custo”.
Na palestra, Mello pontuou quais serão as medidas prioritárias da agenda de um novo governo Lula no curto e longo prazos e enfatizou que a retomada do papel do Estado na economia, com os bancos públicos, será recuperada.
De acordo com o economista, nos primeiros meses de gestão se buscará a volta da valorização do salário mínimo, um novo programa de transferência de renda, renegociação das dívidas das famílias e impulso nos investimentos públicos. Em seu discurso, Mello admitiu que, no primeiro ano, haverá um aumento da dívida pública.
“Nós substituímos um programa premiado mundialmente [Bolsa Família], que atingia as pessoas, protegia as famílias, ajudou a tirar o Brasil do mapa da fome por programa mal desenhado”, disse o economista sobre o Auxílio Brasil. “Um homem solteiro ganha o mesmo que uma mãe com três filhos, o que é um absurdo, e não tem mais nenhuma incentivo”.
Mello ressaltou que uma provável volta de Lula à Presidência tornará o ambiente econômico estável e que, a partir daí, as condições de crescimento retornam.
“Há um quadro de turbulência, mar revolto, que exigirá uma enorme habilidade para estabilizar”, afirmou. “Isso parece ser o avesso do que o atual governo faz. Ele trabalha na base do conflito e ameaça, e produz crises recorrentes”.
A longo prazo, o economista do PT pontuou a necessidade de uma reforma tributária e um novo modelo de regime de controle fiscal para substituir o Teto de Gastos. “É preciso tributar as grandes rendas e os grandes patrimônios e com o ganho de arrecadação diminuir a tributação sobre consumo e folha de salários”.
Participaram do evento, além de Mello, Carlos Arthur Newlands Junior, da candidata Sofia Manzano (PCB), Nelson Marconi, aliado de Ciro Gomes (PDT) e Eduardo Almeida, da campanha de Vera Lúcia (PSTU).