Pelo fim da guerra na Ucrânia!
Nessa terrível conjuntura mundial de guerra, a Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), em linha com o que este afirmou no início da pandemia de COVID19 por meio da Nota Oficial “A política econômica durante e após a pandemia”, vem proclamar seu princípio maior de que a vida e a integridade humanas estão sempre acima de qualquer interesse.
De fato, emendas à Constituição da Ucrânia, já em 2019, determinaram a sua adesão à OTAN, o que se constitui em uma ameaça à segurança da Rússia, embora não saibamos em que medida aumente a já existente pela presença da Organização em outros países de suas fronteiras, como na Estônia e Letônia.
Conflitos étnicos têm gerado demandas separatistas ao longo da história. Como exemplos, na própria Europa em tempos atuais, pode-se citar os movimentos na Catalunha e no País Basco e a fragmentação dos Bálcãs. Em nenhuma circunstância, todavia, pode-se aceitar a simples expropriação de um território pela força militar, sobretudo por meio da invasão de uma superpotência atômica, como seria o caso da Crimeia, Donetsk e Lugansk, ou, quem sabe, da anexação de toda a Ucrânia. Contudo, importa realçar que minorias de etnia russa que habitam aquele país devem ter tratamento digno por parte de seu governo.
Os propósitos do governo invasor podem não chegar ao ponto da anexação do país invadido, mas possivelmente pretenda evitar o possível desenvolvimento de uma democracia liberal, por seu potencial de desestabilizar o apoio interno ao regime autoritário russo, ou manter favorecimentos, econômicos e comerciais, que a Rússia poderá perder com a entrada da Ucrânia na União Europeia.
Também não se deve negligenciar as interferências externas, em particular dos EUA, movidos por interesses geopolíticos e econômicos. A política externa norte-americana tem buscado estabelecer zonas de influência, que mantenham a viabilidade de operação de suas empresas e do acesso a matérias-primas. Como essas condições não viriam ocorrendo na Rússia de modo satisfatório, existe uma narrativa de que estariam adotando estratégia para desestabilizá-la politicamente, a fim de que o atual governo venha a ser substituído por outro mais amigável aos interesses deles.
A forma mais interessante para os EUA promoverem essa desestabilização política russa seria fomentar a guerra e a demanda por armas, de que são atualmente o maior produtor. Nessa narrativa, a entrada da Ucrânia na OTAN seria mais uma provocação patrocinada por eles. O efeito multiplicador dessa estratégia seria a corrida armamentista, favorecendo enormemente o complexo industrial-militar norte-americano, às custas de recursos públicos que deixariam de ser destinados a demandas sociais, o que traria mais pobreza, desigualdade e fome no mundo. Ao mesmo tempo, a demanda energética tenderia a buscar fontes mais poluentes, como carvão, energia nuclear e uso mais intensivo de combustíveis fósseis, tornando o planeta mais poluído, comprometendo assim as condições de vida atuais e futuras.
Os desdobramentos geopolíticos são imponderáveis, podendo (i) reforçar a hegemonia do Dólar e da unipolaridade norte-americana, hoje mitigada pela consolidação do Euro e crescimento da China, (ii) retomar as relações bipolares, com uma união Rússia-China rivalizando com os EUA, inclusive com uma moeda alternativa ou (iii) estabelecer uma multipolaridade, com EUA, União Europeia, Leste Europeu e China equilibrando forças.
As guerras são difíceis de serem avaliadas, pois sempre estão envolvidas por disputas de informações e de narrativas. Em todo caso, nada justifica as mortes, sofrimento e destruição que causam, mais ao povo invadido, mas também ao invasor e a outros povos. Por isso, nos aliamos aos que reivindicam o imediato cessar fogo e a solução pelas vias diplomáticas, independente de que lado esteja mais certo, ou, melhor dizendo, menos errado.
Pelo imediato fim da guerra! Que a paz prevaleça entre os povos!