Lacerda comenta, entre outros temas, o embargo da carne e os impactos dos preços no mercado nacional
O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, participou no último sábado (06) do Jornal da Cultura, comentando as notícias veiculadas no programa. Entre elas, o embargo da China à carne brasileira, que já dura dois meses – fazendo com que a exportação nacional em outubro fosse a pior dos últimos três anos para o produto.
Em tese, a medida faria com que a carne se tornasse mais barata e abundante no mercado brasileiro – mas não foi o que aconteceu. Os frigoríficos reduziram os abates e a carne continua com um preço elevado.
Perguntado se há um viés político no embargo chinês, Lacerda respondeu: “Pode ter sim, mas é curiosa a correlação que há entre os preços domésticos e os preços internacionais. Todos estes produtos são as famosas commodities, então vale para a carne, para a soja, para o petróleo, para o minério de ferro. Eles são cotados em dólares no mercado internacional, e são internalizados pela taxa de câmbio. Como esses preços subiram no mercado internacional e a taxa de câmbio se desvalorizou, você tem uma pressão de preços muito grande”.
Lacerda aproveitou a ocasião para falar sobre a formação do preço da carne: “No Brasil, temos mercados fortemente oligopolizados e os preços são dominados pela cena internacional, sobre os quais temos pouca influência, e denotam outro problema: primeiro, a ausência de políticas de preço, de estoques reguladores, de políticas que envolvam a questão do mercado como um todo; e segundo, mostra claramente o equívoco que é você utilizar a elevação da taxa de juros como instrumento de combate à inflação”.
A inflação, afirma o presidente, não vai cair com a elevação dos juros e a medida trará apenas os efeitos colaterais adversos: “Vai encarecer a dívida das pessoas, das empresas, a dívida pública (que é dinheiro de todos nós), a economia vai crescer muito menos, vai gerar mais desemprego e não vai resolver o problema da inflação. Só vai transferir mais renda para os credores da dívida”.
Perguntado se a demora em liberar as cargas nos portos fará com que países como Argentina ou Uruguai ocupem esse mercado, Lacerda disse que sim e remeteu o assunto a questões políticas e de diplomacia. “Esse é um risco. Quando você tem algum tipo de embargo, o mercado não fica parado. E entra a questão política, porque estes países podem fazer gestões junto à China para ampliar sua participação lá”.
A participação de Lacerda pode ser assistida clicando AQUI.