Artigo – Economia brasileira: Transição nebulosa
A transição da segunda para a terceira década deste século sugere que o País repense e redirecione seu destino. Privilegiado pelo invejável potencial de que dispõe, o País precisa reconfigurar sua rota em direção a um futuro tranquilo e confortável para a geração atual e as gerações futuras. Isto demanda utilizar estratégias de curto, médio e longo prazo. Pensar apenas nas próximas eleições tornou-se insuficiente.
A partir da década de 1980 até 2017, a taxa média de crescimento do PIB somou apenas 0,8%, extremamente baixa, se comparada com a da China, da Índia, dos EUA, do México e de outros países. De 2014 a 2018 a queda foi de 4%.
Diante desses números e considerando o potencial do País, fica claro que precisamos ressignificar /redirecionar nosso rumo, com fundamentos em decisões governamentais estratégicas adequadas e participação ativa da sociedade, sendo fundamental a presença de reconhecidas Comunidades Cívicas.
O Plano Made in China 2025 é um sinal de alerta que não deve preocupar apenas os EUA mas, também, o Brasil. Ao mudar o foco de seu rumo de um fornecedor de produtos populares e baratos para um País fornecedor de produtos de alta tecnologia e qualidade, portadora de baixa carga tributária e salários moderados, sem dúvida a China será um sério competidor mundial. Isso exigirá profunda reflexão da capacitação empresarial, indo além dos benefícios governamentais temporários. Capacitar-se par melhorar o poder competitivo é necessário e urgente.
O Plano Made in China 2025 abrange setores como maquinaria, aeroespacial, automobilística, indústria clara, matéria têxtil, alimentos, equipamentos elétricos e outros.
O Brasil, com uma dívida pública de 83,9% do PIB, embora inferior à dos EUA(107,8%) e da preocupante do Japão(236%), enquanto a da China é de 47,8% e da Rússia 17,4%, exige uma reflexão consciente de nossos futuros governantes, devido ao elevado custo, que dificulta a redução da carga tributária das empresas e das pessoas.
Este é o grande desafio aos novos governantes. Fazer generosidades políticas sem respaldo econômico é falso benefício. Corrigir o buraco financeiro apenas com elevação da carga tributária é um remédio genérico ineficiente e sem qualificação. O ponto de partida é cortar os gastos públicos, preservando os gastos fundamentais para saúde, segurança, educação e infraestrutura. Reduzir o tamanho e a ineficiência da máquina pública é fundamental. Não se justifica uma Câmara com 513 deputados, com elevados gastos e benefícios, sem contrapartida eficaz. Isto se alonga aos estados e municípios.
O Brasil precisa ser repensado. A criação de um GGI(Grupo Gestor Independente), que analise a situação e aponte as medidas corretivas traria grande contribuição ao País.
Evidentemente isto não é fácil de estruturar e converter, visto que precisará superar muitos e elevados interesses particulares, principalmente de beneficiários da corrupção.
É um momento importante para estimular-se o fortalecimento das saudáveis Comunidades Cívicas responsáveis, sem agressividade e violência.
Quem sabe um dia sairá ? O mundo já nos deu exemplos. Preservemos a fé e a esperança.
Humberto Dalsasso – Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.