Artigo – Tudo que sobe, cai

Não é só o Neymar nos jogos da Copa, caindo a todo momento, que faz valer a Lei da gravidade. A Bolsa de Valores vem despencando a cada semana; a produção industrial caiu 11% em maio e o PIB do 2º trimestre deve ter voltado ao quadro de recessão. É verdade que nem tudo está caindo, mas o que vem subindo não é nada agradável: o dólar disparou para quase R$ 4,00; o rombo fiscal só aumenta; a taxa de desemprego, idem; e a inflação em junho foi a 1,26%, o pior resultado para o mês nos últimos 23 anos.

O fato é que não há clima para a recuperação da economia enquanto permanecer no país a mais absoluta anarquia institucional. E o que vem despencando há muito tempo e não dá sinais de recuperação é a reputação do sistema judiciário. O vale-tudo judicial do último domingo, com ações ao arrepio da própria lei para manter o ex-presidente Lula preso, escancara a farsa jurídica montada para fazer a vontade do mercado financeiro no pleito eleitoral. Não surpreende, portanto, que a pesquisa do instituto MDA, contratada pela Confederação Nacional dos Transportes, tenha revelado que 89,3% da população consideram o poder judiciário pouco ou nada confiável e 90,3% acreditam que ela não trata todos da mesma forma.

E nos estertores do desgoverno Temer, do MDB/PSDB/Centrão, prossegue a liquidação do patrimônio público. Depois da Eletrobrás e de vários ativos estratégicos da Petrobrás, o governo assente com a venda da Embraer e da Braskem e programa para novembro o leilão de 10 bilhões de barris de petróleo do pré-sal para cobrir o rombo fiscal.

Enquanto isso, o DF continua sem rumo, com o governo se vangloriando de sua estratégia de desenvolvimento baseada na adesão à guerra fiscal, mas cujo resultado é a não geração de um único emprego no DF em três anos e meio, com o desemprego em patamar recorde e a terceira pior taxa de investimentos entre as 27 UFs, pífios 4,1% da Receita Corrente Líquida, à frente apenas do MS e do falido Rio de Janeiro.


Júlio Miragaya, vice-presidente da Associação dos Economistas da América Latina e Caribe