Artigo – Ah, o mercado!
A julgar pela reação do mercado financeiro ao relatório do deputado Zveiter, com alta na Bolsa e baixa do dólar, parece que as grandes corporações adotaram o “Fora Temer”, passando a apostar suas fichas em Rodrigo Maia.
O fato é que Temer já não serve mais ao mercado. Com impopularidade recorde, passou de sumo a bagaço da laranja, pois vencida a “contrarreforma trabalhista”, dedica suas energias à própria sobrevivência no Planalto, tendo parcialmente abandonado a “contrarreforma previdenciária” e outras agendas que o mercado tanto quer.
Embora o cenário econômico traçado pelo próprio mercado seja frustrante – apostavam num crescimento de 2,0% do PIB em 2017, e terão pífios 0,2%; apostavam numa redução do déficit fiscal e esse aumentou 50% desde 2015; e tampouco foi revertida a curva do desemprego – o otimismo do mercado decorre da expectativa de que, com Maia, seja possível avançar em sua agenda, com a “contrarreforma previdenciária”, a privatização fatiada da Petrobras e da Eletrobras, entre outras.
Ao abraçar a alternativa da eleição indireta de Maia, ficam evidentes duas coisas: o desespero do mercado em ter que apostar num político inexperiente e inseguro, sem a menor estatura para ocupar a presidência do País, o 5º mais populoso (208 milhões de habitantes) e 8ª maior economia (1,8 trilhão de dólares) do planeta; e quanto o tal mercado anda de costas para o Brasil real, dos 14 milhões de desempregados, dos milhões de trabalhadores com renda estagnada, das milhares de micro e pequenas empresas fechando as portas, dos milhões que sofrem com cortes nos gastos sociais e perda de direitos.
E o mercado já busca o pós Maia para 2018. O nome mais citado é Doria, o prefeito paulistano, que, aqui em Brasília, foi recebido com frenética euforia pelo empresariado local e por dois ou três secretários do GDF como o nome certo para derrotar Lula. Temer, Maia, Doria, realmente, o mercado não tem nos oferecido boas opções.
Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia