Artigo – E os juros?

Recentemente, o Conselho Federal de Economia posicionou-se sobre Política Monetária: “O Cofecon, ao observar no governo interino uma clara perspectiva de manutenção da Política Monetária do governo anterior, reafirma sua posição de que já há uma clara tendência de queda da inflação, que os fatores que implicaram na elevação da taxa de inflação no primeiro semestre de 2015 não se fazem mais presentes (forte correção dos preços administrados e repasse cambial) e que o quadro recessivo elimina qualquer pressão de demanda, de forma que, portanto, a taxa básica de juros já devia estar em queda desde o segundo semestre de 2015.

Apoiamos a importância que tem sido dada pelo BC ao controle da inflação, mas a política adotada tem trazido perdas exageradas em termos de investimento, crescimento, empregos e elevação da dívida pública. O uso de um único instrumento, a taxa básica de juros, assim como metas para inflação com horizonte de apenas um ano-calendário, exigem níveis extremamente altos daquela taxa. Instrumentos adicionais, bem como a adoção de um horizonte mais longo para cumprimento das metas, que facilitasse a acomodação de choques de oferta, permitiriam uma suavização da política monetária, com a consequente redução das referidas perdas.

Outro aspecto importante é referente à discussão que tramita no Congresso Nacional sobre o papel do BC e a ampliação de sua autonomia. O BC do Brasil tem como missão institucional a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro, e o Cofecon defende que sua missão deveria visar também o crescimento econômico e a preservação do nível de emprego, como o fazem bancos centrais de países como os EUA e a Inglaterra. Quanto à ampliação da autonomia, entendemos que a existente já é adequada e que a ação do BC tem que estar em sintonia e coerente com as das demais autoridades econômicas do governo, inclusive com a coincidência dos períodos de mandatos”.

Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia