Com o tema “Formação continuada da Mulher Economista: superando obstáculos e criando perspectivas para o desenvolvimento”, economistas compartilham experiências nas trajetórias acadêmicas, profissionais e pessoais.

O VI Fórum da Mulher Economista foi realizado na tarde desta sexta-feira (4) dentro da programação do XXVII Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia (SINCE), que acontece em João Pessoa. O debate foi coordenado pela conselheira federal e coordenadora da Comissão Mulher Economista do Cofecon, Mônica Beraldo, e pela coordenadora da Comissão Mulher Economista do Corecon-SP, Nancy Gorgulho.

Discutir o papel e a formação da mulher economista são necessários para consolidar uma mudança de perspectiva e uma ação mais efetiva na busca de igualdade de gênero. E a discussão não ocorre em vão. Atualmente as mulheres são reconhecidas pela presença e ocupação de postos de liderança em espaços importantes para a economia, levando em conta que no Brasil o trabalho de economista durante muito tempo foi ocupado majoritariamente por homens. Porém, o avanço ainda é tímido e instiga um processo de compreensão e de reflexão sobre pontos em que se deve avançar desde o período de formação.

Com o tema “Formação continuada da Mulher Economista: superando obstáculos e criando perspectivas para o desenvolvimento”, o Fórum contou com a participação das economistas Tânia Teixeira, presidente do Corecon-MG; Cristiane David; conselheira federal Ana Cláudia Arruda; e Nancy Gorgulho.

Segundo a coordenadora Mônica Beraldo a comissão da Mulher Economista foi inspirada em outras comissões já atuantes em distintas profissões. “Essas questões ligadas à igualdade de gênero são muito importantes para nós, tínhamos essa preocupação. Queríamos que a mulher também fosse reconhecida e ocupasse estes espaços. Para criar a comissão, fomos buscar exemplos que nos inspirassem e nos ajudassem a moldar o que queríamos.  Encontramos amparo e inspiração na comissão da mulher advogada e da mulher engenheira. Nosso objetivo é que até 2030 consigamos buscar uma mais representativa igualdade de gênero dentro do ambiente da economia”, pontuou.

Além da discussão sobre a presença da mulher em postos de mercado de trabalho voltados para a economia, outro tema em debate está ligado ao etarismo. A economista Tânia Cristina Teixeira levantou à questão ao apresentar dados relacionados à economia do trabalho. “O Etarismo é um processo silencioso, mas que muitas vezes impede que a mulher se mantenha no ambiente de trabalho e assim dificulta que ela dê continuidade aos projetos e lutas. Não temos muitas mulheres registradas e atuantes nos Conselhos Regionais de Economia e as que existem já possuem uma história que ajuda a demarcar presença, mas novas integrantes são bem-vindas para a continuidade e o fortalecimento deste trabalho”, afirmou.

Já a economista Cristiane David frisou a necessidade de superar obstáculos e desfazer os estereótipos ligados à imagem da mulher. “Encontramos muito o discurso estereotipado da figura feminina. Ainda há alguns percepções de que a mulher ou é ‘mandona’ ou ‘boazinha’ demais. Então, esse tipo de julgamento é um impeditivo para que haja mais mulheres ocupando cargos de liderança”, frisou.

A conselheira federal Ana Claudia Arruda apresentou perguntas e reflexões sobre a escassez de mulheres na economia, já que, segundo dados apresentados, a taxa de participação de estudantes de economia do sexo feminino nos cursos de graduação é entre 25 e 40 por cento, dependendo do país considerado; trouxe os conceitos de ‘piso-pegajoso’ e ‘teto de vidro’, que impactam a ascensão da mulher no mercado de trabalho. “Eu consegui exercer a profissão fazendo trabalhos de campo, trabalhei no Sebrae coordenando pesquisas, fazendo vários trabalhos que me levaram a formação de economista. Além disso, fiz mestrado e doutorado. Tudo isso me compôs e me formou como economista. Não é nada fácil construir uma carreira, os desafios são muito grandes e se a mulher não encontra um campo ou subcampo atraente a recusa é muito grande”, finalizou.

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Para apresentação feita pelas economistas, incluindo CVs e dados estatísticos, clique AQUI.

SINCE 2022

O Simpósio Nacional dos Economistas reúne profissionais, estudantes e professores de  todo o país e tem a intenção de debater a situação econômica brasileira. Na programação palestras e análises sobre a economia atual e a estrutura do sistema sócio-político-financeiro do Brasil .O evento é promovido pelo Conselho Federal de Economia e Conselho Regional de Economia da Paraíba.

Com a colaboração da jornalista Elane Gomes